31 de out. de 2017

Laudato Si, uma voz que clama no deserto....

"O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum. Desejo agradecer, encorajar e manifestar apreço a quantos, nos mais variados sectores da atividade humana, estão a trabalhar para garantir a proteção da casa que partilhamos. Uma especial gratidão é devida àqueles que lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo. Os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos" (Papa Francisco, Laudato Si, n. 13).

"Die dringende Herausforderung, unser gemeinsames Haus zu schützen, schließt die Sorge ein, die gesamte Menschheitsfamilie in der Suche nach einer nachhaltigen und ganzheitlichen Entwicklung zu vereinen, denn wir wissen, dass sich die Dinge ändern können. Der Schöpfer verlässt uns nicht, niemals macht er in seinem Plan der Liebe einen Rückzieher, noch reut es ihn, uns erschaffen zu haben. Die Menschheit besitzt noch die Fähigkeit zusammenzuarbeiten, um unser gemeinsames Haus aufzubauen. Ich möchte allen, die in den verschiedensten Bereichen menschlichen Handelns daran arbeiten, den Schutz des Hauses, das wir miteinander teilen, zu gewährleisten, meine Anerkennung, meine Ermutigung und meinen Dank aussprechen. Besonderen Dank verdienen die, welche mit Nachdruck darum ringen, die dramatischen Folgen der Umweltzerstörung im Leben der Ärmsten der Welt zu lösen. Die jungen Menschen verlangen von uns eine Veränderung. Sie fragen sich, wie es möglich ist, den Aufbau einer besseren Zukunft anzustreben, ohne an die Umweltkrise und an die Leiden der Ausgeschlossenen zu denken" (Papst Franziskus, Laudato Si, n. 13).

"The urgent challenge to protect our common home includes a concern to bring the whole human family together to seek a sustainable and integral development, for we know that things can change. The Creator does not abandon us; he never forsakes his loving plan or repents of having created us. Humanity still has the ability to work together in building our common home. Here I want to recognize, encourage and thank all those striving in countless ways to guarantee the protection of the home which we share. Particular appreciation is owed to those who tirelessly seek to resolve the tragic effects of environmental degradation on the lives of the world’s poorest. Young people demand change. They wonder how anyone can claim to be building a better future without thinking of the environmental crisis and the sufferings of the excluded" (Pope Francis, Laudato Si, n.13).

"El desafío urgente de proteger nuestra casa común incluye la preocupación de unir a toda la familia humana en la búsqueda de un desarrollo sostenible e integral, pues sabemos que las cosas pueden cambiar. El Creador no nos abandona, nunca hizo marcha atrás en su proyecto de amor, no se arrepiente de habernos creado. La humanidad aún posee la capacidad de colaborar para construir nuestra casa común. Deseo reconocer, alentar y dar las gracias a todos los que, en los más variados sectores de la actividad humana, están trabajando para garantizar la protección de la casa que compartimos. Merecen una gratitud especial quienes luchan con vigor para resolver las consecuencias dramáticas de la degradación ambiental en las vidas de los más pobres del mundo. Los jóvenes nos reclaman un cambio. Ellos se preguntan cómo es posible que se pretenda construir un futuro mejor sin pensar en la crisis del ambiente y en los sufrimientos de los excluidos" (Papa Francisco, Laudato Si, n. 13).


29 de out. de 2017

A cultura do encontro

"A Igreja deverá iniciar os seus membros – sacerdotes, religiosos e leigos – nesta «arte do acompanhamento», para que todos aprendam a descalçar sempre as sandálias diante da terra sagrada do outro (cf. Ex 3, 5). Devemos dar ao nosso caminhar o ritmo salutar da proximidade, com um olhar respeitoso e cheio de compaixão, mas que ao mesmo tempo cure, liberte e anime a amadurecer na vida cristã" (Evangelii Gaudium n. 169).

A arte do acompanhamento se fundamenta no encontro com o outro. Acompanhar alguém em sua caminhada não se reduz a encontros esporádicos, rápidos e muitas vezes regada a emoções do momento. Trata-se de uma caminhada. O acompanhamento é mais que aconselhamento pastoral, o segundo é uma presença em momentos cruciais de necessidade humana, acompanhamento é isso e mais que isso, é acompanhar o crescimento, é acompanhar a caminhada de alguém. Por isso, é fruto de sensibilidade humana de quem acompanha e também de uma preparação mais aguaçada na arte de acompanhar. é preciso ler a voz de Deus inscrita no coração do outro, é preciso ter um olhar amplo e profundo conhecimento sobre a realidade e as possibilidades do outro, é preciso de tempo, paciência e saber o caminho do outro. O risco de se lhe impor o próprio caminho como ideal, ou seja, pretender ser autorreferência, é mais pernicioso do que benéfico. Encontram-se muitos 'conselheiros' de plantão, com conselhos muitas vezes vazios de fundamento e que levam a lugar algum, mas são poucos os que dominam a arte do acompanhamento, pessoas abnegadas que não pretendem ser caminho para o outro, apenas se consideram um suporte para que o outro possa encontrar o seu caminho e tenha forças para trilhá-lo. É preciso aprender de Jesus que teve compaixão da pessoa em suas dificuldades e problemas, mas lhe indicou uma maneira própria para sair deles: "Talita cumi!" (Mc 5, 41).

26 de out. de 2017

Mulher - genitora e gestora!

"A Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens. Por exemplo, a especial solicitude feminina pelos outros, que se exprime de modo particular, mas não exclusivamente, na maternidade. Vejo, com prazer, como muitas mulheres partilham responsabilidades pastorais juntamente com os sacerdotes, contribuem para o acompanhamento de pessoas, famílias ou grupos e prestam novas contribuições para a reflexão teológica. Mas ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja. Porque 'o gênio feminino é necessário em todas as expressões da vida social; por isso deve ser garantida a presença das mulheres também no âmbito do trabalho' e nos vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais" (Evangelii Gaudium n. 103).

O respeito pela mulher considera essencialmente sua maneira própria de ser. Respeitá-la à medida que se adapta e assume outros modos de ser não é respeito e, sim, reforça preconceitos. Para ser mulher, não é preciso abdicar a beleza da maternidade, mas também sua missão no mundo não pode ser reduzida a ela. Ademais, é preciso entender que a própria maternidade não se reduz a geração de filhos biológicos, mas é própria do seu gênio que acolhe e cuida da vida. O olhar próprio da mulher é essencial para o equilíbrio da sociedade. O mundo carece de sua perspicácia de percepção para colocar o ser humano no centro do cuidado da vida. A intuição natural para que é essencial para o desenvolvimento humano a faz protagonista no campo da vida. A Igreja e a sociedade precisam desta presença feminina de forma ativa. A sua habilidade é perfeitamente compatível com a tomada de grandes decisões. Por isso, não há fundamento a sua quase ausência em alguns campo de direção. Mais uma vez: a gestão não é coisa própria de um ou outro, ou homem ou mulher, mas da colaboração de ambos, podendo perfeitamente a mulher estar à frente de equipes de gestão. O importante é entender as peculiaridades de cada um e colocá-las a serviço do todo.

25 de out. de 2017

Leigo: luz que ilumina todas as realidades humanas!

"A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. Ao seu serviço, está uma minoria: os ministros ordenados. Cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar com um numeroso laicado, dotado de um arreigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da fé. Mas, a tomada de consciência desta responsabilidade laical que nasce do Batismo e da Confirmação não se manifesta de igual modo em toda a parte; em alguns casos, porque não se formaram para assumir responsabilidades importantes, em outros por não encontrar espaço nas suas Igrejas particulares para poderem exprimir-se e agir por causa dum excessivo clericalismo que os mantém à margem das decisões. Apesar de se notar uma maior participação de muitos nos ministérios laicais, este compromisso não se reflete na penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico; limita-se muitas vezes às tarefas no seio da Igreja, sem um empenhamento real pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade. (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, n. 102)

Sim, cresceu a conscientização sobre a Igreja, cujos leigos são membros plenos e convidados a assumir responsabilidades. Mas não basta reconhecer seu papel na Igreja, é preciso preparar-se devidamente para este fim. Leigos não preparados são bons para assumir toda a forma de responsabilidade pelas estruturas da paróquia, fazer pastel, fazer show de prêmios, mas isto é tudo? Por mais importante que sejam as atividades e o engajamento pela manutenção da comunidade paroquial, o centro é o anúncio do Evangelho. Anúncio que se dá na vida paroquial através de catequeses e outros momentos próprios, porém também e, sobretudo, pelo testemunho na sociedade. Este é o grande desafio! O que faz de países majoritariamente cristãos estarem mergulhados na corrupção e propagação de uma cultura de morte? Não basta adesão ao pároco ou algum líder da comunidade através de inúmeras formas de agrados... isto não passa de carência afetiva. A adesão é a Cristo! Uma adesão exigente. As exigências implicam em muita dedicação abnegada e conversão cotidiana. É um abraçar da cruz, é crer profundamente em Deus, mas também dispor-se a cumprir sua vontade quando ela não está alinhada aos desejos e expectativas próprios. O Evangelho na vida cotidiana é, sobretudo, coerência com a Palavra. E o que ensinou Jesus? Defendeu a vida em todas as circunstâncias, chamou os pequenos do Reino para se aproximarem dele, desconcertou os "santinhos" da comunidade ao romper os preceitos discriminatórios... Eis o desafio dos leigos: preparar-se e lançar-se em todos os ambientes como sal, luz e fermento! 

24 de out. de 2017

Um pouco de tempo para Deus!!!

"Quando mais precisamos dum dinamismo missionário que leve sal e luz ao mundo, muitos leigos temem que alguém os convide a realizar alguma tarefa apostólica e procuram fugir de qualquer compromisso que lhes possa roubar o tempo livre. Hoje, por exemplo, tornou-se muito difícil nas paróquias conseguir catequistas que estejam preparados e perseverem no seu dever por vários anos. Mas algo parecido acontece com os sacerdotes que se preocupam obsessivamente com o seu tempo pessoal. Isto, muitas vezes, fica-se a dever a que as pessoas sentem imperiosamente necessidade de preservar os seus espaços de autonomia, como se uma tarefa de evangelização fosse um veneno perigoso e não uma resposta alegre ao amor de Deus que nos convoca para a missão e nos torna completos e fecundos. Alguns resistem a provar até ao fundo o gosto da missão e acabam mergulhados numa acédia paralisadora. (Papa Francisco, Evangelii Gaudium n. 81)

O temor do convite, porque o Reino de Deus é exigente. Os atrativos para preservar o tempo para si mesmo são muitos. Há opções demais, é só pensar nas possibilidades tecnológicas que ocupam tempo quase sem perceber, a dedicação excessiva (não em justa medida) pelo cultivo do corpo. Bem, se o tempo a ser dedicado ao Reino de Deus, ao ser missionário, for o tempo ocioso, esqueça! O tempo para o Reino deve ser o tempo precioso. Aquele tempo que é preciso reservar de forma criativa e que, em grande parte, exige alguma renúncia. É o tempo precioso bem pensado para o Reino. Um tempo precioso para olhar e se dedicar aos pobres do Reino.