"A Igreja deverá iniciar os seus membros – sacerdotes, religiosos e leigos – nesta «arte do acompanhamento», para que todos aprendam a descalçar sempre as sandálias diante da terra sagrada do outro (cf. Ex 3, 5). Devemos dar ao nosso caminhar o ritmo salutar da proximidade, com um olhar respeitoso e cheio de compaixão, mas que ao mesmo tempo cure, liberte e anime a amadurecer na vida cristã" (Evangelii Gaudium n. 169).
A arte do acompanhamento se fundamenta no encontro com o outro. Acompanhar alguém em sua caminhada não se reduz a encontros esporádicos, rápidos e muitas vezes regada a emoções do momento. Trata-se de uma caminhada. O acompanhamento é mais que aconselhamento pastoral, o segundo é uma presença em momentos cruciais de necessidade humana, acompanhamento é isso e mais que isso, é acompanhar o crescimento, é acompanhar a caminhada de alguém. Por isso, é fruto de sensibilidade humana de quem acompanha e também de uma preparação mais aguaçada na arte de acompanhar. é preciso ler a voz de Deus inscrita no coração do outro, é preciso ter um olhar amplo e profundo conhecimento sobre a realidade e as possibilidades do outro, é preciso de tempo, paciência e saber o caminho do outro. O risco de se lhe impor o próprio caminho como ideal, ou seja, pretender ser autorreferência, é mais pernicioso do que benéfico. Encontram-se muitos 'conselheiros' de plantão, com conselhos muitas vezes vazios de fundamento e que levam a lugar algum, mas são poucos os que dominam a arte do acompanhamento, pessoas abnegadas que não pretendem ser caminho para o outro, apenas se consideram um suporte para que o outro possa encontrar o seu caminho e tenha forças para trilhá-lo. É preciso aprender de Jesus que teve compaixão da pessoa em suas dificuldades e problemas, mas lhe indicou uma maneira própria para sair deles: "Talita cumi!" (Mc 5, 41).
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