2 de jan. de 2017

Bioética - um desafio também para nossa (in)capacidade de revermos a certeza sobre nossos conceitos.

Quando a gente encontra alguém que sabe falar da bioética, lá vem uma montanha de informações sobre o assunto tendo como expoente o bioquímico e oncologista Van Rensselaer Potter (1911-2001) e a referência o seu livro "Uma ponte para o futuro" [Bioethics: Bridge to the Future], década de 1970. E questão que se levanta é: Por que tanta dificuldade para revisar a história da bioética no Brasil, quando tantos já descobriram que a bioética nasceu bem antes? Falemos então dos precursores da bioética. Cá e acolá o conteúdo da bioética é antigo. O ser humano desde cedo se confrontou com a própria vida. Mas um marco foi a contribuição simultânea de Albert Schweitzer (1875-1965), médico alemão e Nobel da Paz em 1952, profissionalmente atuante na África. Deixou como herança vários escritos, compilados posteriormente, entre outros,dois livros: a "ética do respeito à vida" e a "ética do respeito pelos animais". Outra descoberta foi o pensamento de Fritz Jahr (1895-1954), Halle, Alemanha, pois usou pela primeira vez o termo bioética. Ele intitulou o editorial da revista científica Kosmos, em 1927, de Bio-Ethik - "Bio-Ética" - (grafia da época), Portanto: Bio-Ética - uma revisão do relacionamento ético dos humanos em relação aos animais e plantas." (JAHR, 2012, p. 464) Na esteira de Kant, ele conclui o editorial com o imperativo bioético: "Respeite todo ser vivo, em princípio, como um fim em si mesmo e trate–o, se possível, enquanto tal!" Seu legado é breve, mas o suficiente para tocar nos principais tópicos que ainda hoje constituem os temas primordiais da bioética. Posteriormente, como já citado, Potter, mas também autores como Giovanni Berlinguer e Elio Sgreccia ampliaram as reflexões e contemplaram mais precisamente diferentes aspectos da vida. Por isso, fala-se de uma bioética de fronteira (começo e fim da vida), bioética de crise (situações críticas da vida) e de uma bioética do cotidiano (as questões relativos ao cuidado preventivo e curativo da saúde pública. 
É bom rever a história da bioética de forma que se faça justiça e se amplie o leque das reflexões, preservando igualmente uma abordagem específica, pois através dela chegamos mais próximos dos desafios que se apresentam nas diferentes esferas da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário