4 de jan. de 2017

Prisões de massa - culpa do Estado ou da iniciativa privada? - Não, simplesmente da corrupção!

Mal acabou de acontecer e já estão instrumentalizando o fato repugnante do sistema prisional de Manaus para benefício político próprio. Como se o problema tivesse sido produzido apenas nos últimos dias, como se o presídio em mãos do poder público seria muito diferente...
Não creio que o essencial é que seja desta ou daquela gestão. Isto porque a corrupção está generalizada. Os bilhões desviados tanto na esfera pública como particular (no decorrer de décadas) fazem falta ao sistema que deveria ter o bem comum como meta última e exclusiva. Uma parceria nestas condições mais parece a reunião de forças corruptas do que um serviço efetivo ao cidadão.
Estes eventos deploráveis acontecem em primeiro lugar, sem excluir os outros aspectos, porque há uma rede de corrupção de grandes proporções mantendo o sistema. Ele só funcionaria bem com um controle contínuo e eficiente. Mas como será isso, se quem deveria controlar é corrupto? Pode um corrupto exigir a não corrupção de outro? 
Ampliar o sistema não é solução, porque só amplia a corrupção e não traz solução efetiva. É preciso superar a cultura de corrupção, é preciso que haja não corruptos aptos e dispostos a combater a corrupção com todas as suas consequências maléficas para a sociedade como um todo e cada cidadão em particular. Se o sistema prisional brasileiro funcionasse minimamente, não existiriam estes depósitos humanos que, por suas condições de total descaso, se transformam em barril de pólvora sempre prestes a explodir. São condições que se repetem Brasil afora. Enquanto o Estado e os estados estão falidos financeiramente (ou melhor, moralmente), não há luz no fim do túnel e as prisões continuam merecendo foco só quando vier a próxima tragédia. De tragédia em tragédia se encontram justificativas injustificáveis pela sua falta de qualquer sentido uma vez que os cidadãos brasileiros são pagadores de um dos maiores impostos do mundo. E agora, cidadão, onde se pode contribuir para mudar tudo isso? Em primeiro lugar, não permitindo que o discurso bem articulado, mesmo que venha de seu próprio círculo de opções, cegue a sociedade. Por vezes, é terrível que as pessoas conseguem assumir uma posição totalmente incoerente com seus próprios princípios, só porque não conseguem se colocar criticamente diante de sua própria ideologia como se houvesse neste mundo alguns seres e instâncias sem necessidade de se olhar no espelho e rever suas defesas e ações. É preciso criar um fundamento moral sólido que não se deixa cegar por narrativas bem estruturadas quase como pegadinhas "pega cidadão desprevenido". O cidadão, em vez de ficar - de forma muitas vezes criminosa - defendendo radicalmente uma ideia só por ser da sua linha política, deve se orientar em diretrizes éticas e morais e, fazendo uma crítica bem fundada para si e suas opções, contribui para que se supere a oposição ao outro pela simples oposição e se edifique uma oposição crítica e efetiva na construção de uma sociedade mais justa e solidária.

O Papa também em oração pelos mortos, familiares... de Manaus - Palavras do Papa Francisco - Audiência 4 de janeiro de 2017

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