A
Carta Encíclica é de grande relevância por sistematizar o pensamento ecológico à
luz da fé cristã e interpelar os cristãos e todas as pessoas de boa vontade à
responsabilidade ética para com o meio ambiente. Em se tratando do meio
ambiente, da questão ecológica como tema teológico-pastoral no ambiente
cristão, vários documentos e mensagens do Magistério e de Conselhos Pontifícios
apresentaram reflexões sobre a questão socioambiental. O Papa Paulo VI, na
mensagem enviada ao Secretário Geral da Conferência Internacional das Nações
Unidas sobre o Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972, falava sobre empenho
necessário para salvaguardar a “bonita casa, ordenada no respeito por todas as
coisas” (PAULO VI, 1972). É também nesta época que surgiram vozes denunciando
as comunidades judaico-cristãs de contribuírem substancialmente, a partir da
leitura da Palavra Sagrada, na destruição do meio ambiente. Lynn White (1970),
da Universidade da Califórnia, afirma que o poder dado pelo Criador permitiu o
uso inconsequente dos bens da natureza. Carl Amery, publica o livro O fim da Providência: As consequências
impiedosas do cristianismo (Cf. SATTLER; SCHNEIDER, 2002, p. 15),
no qual sustenta que os cristãos têm responsabilidade pela atual crise
ecológica. Em tempos mais recentes, Bernard Stefan Eck, ao fazer a análise
crítica dos escritos de Albert Schweitzer sobre a ética pela vida, diz que “pode ser considerado como tragédia da
vida de Schweitzer ter de filosofar sob o impacto do lixo do pensar e crer
cristãos” (ECK, 2003). É um tema transversal às diversas religiões, culturas
e sociedades e a contribuição de cada segmento para a destruição dos bens comuns
hoje e no futuro, só podem ser admitidas a partir do ser e estar no mundo
inconsequente, motivado, entre outros, pelas facilidades, pelo hedonismo e pela
busca desenfreada do sucesso meramente econômico.
Esta
casa comum está correndo o grande risco de sucumbir e não poder mais abrigar a
vida. Por isso, nos últimos anos, a questão ecológica vinha ocupando espaço,
embora tímido, em documentos pontifícios e mensagens para determinadas ocasiões
como congressos sobre o meio ambiente organizados pelas Nações Unidas (ONU) ou
em datas relativas ao tema. Só para citar alguns, cabe aqui ressaltar a
mensagem de São João Paulo II, em 1.º de janeiro de 1990, cujo tema “Paz com Deus – Paz com toda a criação!” se
tornou como que um lema, cujos desdobramentos aparecem em diversas publicações
teológicas sobre o meio ambiente. Vários parágrafos do Catecismo da Igreja
Católica (1992) se ocupa com a questão da vida humana e de todas as formas da
vida. O Compêndio da Doutrina Social da Igreja – capítulo X: Salvaguardar o meio
ambiente - (2004) integra o tema na questão social. A Comissão Teológica
Internacional (2004) publicou o documento Comunhão
e Serviço, sobre o ser humano imago
Dei e lhe atribui a incumbência dada por Deus de ser “administrador das
coisas visíveis”.
É louvável
e oportuno que a Igreja tenha um documento, ou seja, a Carta Encíclica Laudato
Si, onde sistematiza de forma ampla e integrada um tema de extrema relevância
para os cristãos e toda a família humana. “Louvado sejas, meu Senhor”, título
que remete ao Cântico das Criaturas, indica a visão da casa comum pautada no
pensamento de São Francisco, que se tornou referência para diversos povos na
relação com o as criaturas. A Terra, segundo afirma o Papa Francisco, “se pode
comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe,
que nos acolhe nos seus braços” (1). Somos constituídos pelos mesmos elementos
do planeta e isto nos identifica com todo o ser criado. Além disso,
necessitamos das criaturas para existirmos: o ar, a água, as bactérias ...
A
encíclica discorre sobre temas relevantes e convergentes sobre a vida sobre os
desafios relativos ao cuidado do planeta e suas implicações na vivência da fé
em Deus Criador de todas as coisas. Existem interdependências significativas
tanto entre as diversas formas de vida bem como entre as diversas dimensões da
família humana. Trata-se de uma abordagem ampla e de múltiplas interpelações
para os cristãos e toda a família humana.
A
Encíclica é composta por seis capítulos, assim distribuídos: 1. Confronto com a
Bíblia e a tradição judaico-cristã. 2. Raiz dos problemas. 3. Tecnocracia e
fechamento no ser humano. 4. Ecologia integral. 5. Vida social, econômica e
política; diálogo. 6. Educação. Esta breve reflexão não avalia capítulo por
capítulo, mas aborda pontos relevantes de cada capítulo, seguidos sempre do
número correspondente na encíclica Laudato Si.
1
O
cuidado da casa comum.
O
cuidado da casa de todos é tarefa de todos. Por isso, o Papa Francisco se
dirige de forma ampla “a cada pessoa que habita neste planeta” (3). “Nesta
encíclica, pretendo especialmente entrar em diálogo com todos acerca da nossa
casa comum”. Para os cristãos, o cuidado da criação é questão fundamental da
fé. Retomando o pensamento de São João Paulo II, o Papa Francisco diz: “Os
cristãos, em particular, advertem que a sua tarefa no seio da criação e os seus
deveres em relação à natureza e ao Criador fazem parte da sua fé” (64).
Entende-se que os fiéis católicos são os primeiros destinatários da Carta
Encíclica Laudato Si e são chamados a assumir com maior engajamento a
incumbência confiada pelo próprio Criador, que significa uma “relação de
reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza” (67).
1.1 Aspectos introdutórios da encíclica Laudato Si.
A
urgência socioambiental aponta para uma problemática comportamental do ser
humano, para uma deficiência da educação para o cuidado da Terra, pois segundo
o Papa Francisco “crescemos a pensar que éramos seus proprietários e
dominadores, autorizados a saqueá-la” (2). E por termos sido destruidores
vorazes do meio ambiente verificamos que “entre os pobres mais abandonados e
maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que ‘geme e sofre as
dores do parto’ (Rm 8, 22)” (2). A responsabilidade pelo cuidado socioambiental
não é tarefa de determinados segmentos da sociedade, mas de todos, embora de
forma diferenciada.
No
lugar de uma abordagem catastrófica de muitos autores da área, lemos na
encíclica uma mensagem de esperança, pautada na essência da fé cristã, sem, contudo,
deixar de alertar para a seriedade da questão ecológica, que não é uma questão
isolada. “Não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem
ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos
debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor
dos pobres” (49). É um desafio profundamente entrelaçado com a questão social.
O cuidado do planeta exige sério comprometimento sustentado pela esperança, o
que dá sentido à mudança de rumo. Diz o Papa: “A esperança convida-nos a
reconhecer que sempre há uma saída, sempre podemos mudar de rumo, sempre
podemos fazer alguma coisa para resolver os problemas” (61). O Papa pontua os
principais riscos da nossa casa comum a serem superados para um mundo mais
humanizado e harmonioso, é nestes aspectos fundamentais que a humanidade
precisa tomar um novo rumo sob pena de sua própria extinção.
1.2 Urgências ecológicas.
Mudanças
climáticas: Nas últimas décadas pesquisadores vem chamando a atenção para as
mudanças climáticas.
A este respeito, diz o Papa Francisco: “As mudanças climáticas são um problema global
com graves implicações ambientais, sociais, económicas, distributivas e
políticas, constituindo actualmente um dos
principais desafios para a humanidade” (25). Ele continua: “O clima é um bem
comum, um bem de todos e para todos” (23). Como bem comum, mais uma vez são os mais
vulneráveis, os pobres, que sofrem o maior impacto. Aqueles “que detêm mais
recursos e poder económico ou político parecem concentrar-se sobretudo em
mascarar os problemas ou ocultar os seus sintomas” (26). Considerando os poucos
resultados que se tem conseguido até agora, o Papa alerta: “A falta de reacções
diante destes dramas dos nossos irmãos e irmãs é um sinal da perda do sentido
de responsabilidade pelos nossos semelhantes, sobre o qual se funda toda a
sociedade civil” (25).
A água:
Sobre esta questão, o Papa diz: “o acesso à água potável e segura é um direito
humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das
pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos”
(30). A escassez de água potável é tema de longa data por parte do Magistério, pois
atinge especialmente os pobres, desprovidos de condições para possui-la, entre
outros, pelo risco de privatização deste bem comum fundamental, por causa dos processos
de distribuição ampla e justa onerosos e insuficientes, pelo excessivo consumo
de água pelos latifúndios, pelos agigantados processos de industrialização para
atender as demandas do consumismo.
A biodiversidade:
cada ser vivo, cada elemento da natureza tem um valor em si mesmo e exerce
importante função na relação com o todo. Nada é inútil ou fútil, cada coisa tem
um sentido próprio. Cada elemento merece respeito e cuidado pelo fato de
existir, porque este existir é dado por Deus. O domínio do ser humano – que nunca é absoluto - não pode se arrogar
de destruir por interesses próprios o que Deus criou com amor e para o amor. “Anualmente,
desaparecem milhares de espécies vegetais e animais que já não poderemos conhecer
mais, que os nossos filhos não poderão ver, perdidas para sempre” (33). Uma
sociedade egoísta e consumista “faz com que esta terra onde vivemos se torne
realmente menos rica e bela, cada vez mais limitada e cinzenta, enquanto ao
mesmo tempo o desenvolvimento da tecnologia e das ofertas de consumo continua a
avançar sem limites” (34). Os avanços
tecnológicos permitem intervenções quase ilimitadas e exercem importante função
na destruição da natureza. Mas também é através de tecnologias cada vez mais
sofisticadas que são resolvidos os problemas criados pelo próprio ser humano.
Por isso, de acordo com o Papa Francisco, “são louváveis e, às vezes,
admiráveis os esforços de cientistas e técnicos que procuram dar solução aos
problemas criados pelo ser humano” (34).
A dívida
ecológica: a divisão do mundo em Norte e Sul, por suas peculiaridades, requerem
uma relação ética entre estes dois polos. As relações internacionais sempre
foram díspares dadas as diferenças especialmente na área socioeconômica. Este
fator impacta diretamente sobre as questões ecológicas e implica numa
responsabilidade diferenciada no que concerne aos problemas ambientais. Existe
“uma verdadeira ‘dívida ecológica’” (51), especialmente em se tratando das
relações Norte-Sul. Cada qual tem uma responsabilidade concernente aos estragos
em função de seu próprio desenvolvimento.
Agora,
esta terra maltratada e saqueada se lamenta e os seus gemidos se unem aos de
todos os abandonados, excluídos e descartados da sociedade. O Papa Francisco
reitera e acentua a “mudança de rumos”, pregada por São João Paulo II. Todas as
pessoas e todas as instâncias religiosas e sociais necessitam de uma “conversão
ecológica”. A “conversão ecológica” implica responsabilidade ética e compromisso
para o cuidado da casa comum. Este apelo nasce da esperança uma vez que
pressupõe que “o ser humano ainda é capaz de intervir de forma positiva” (58),
ou seja, em forma de cuidado do meio ambiente. Ou seja, “a humanidade possui
ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum” (13). É
preciso saber assumir as próprias condições de ajudar a reconstruir e
reconstituir o que foi depredado. O reconhecimento da necessidade de mudança e
ação é um primeiro passo para que algo de positivo aconteça na relação com o
meio ambiente. “Nem tudo está perdido, porque os seres humanos, capazes de
tocar o fundo da degradação, podem também superar-se, voltar a escolher o bem e
regenerar-se” (205).
Para
o cuidado da casa comum é necessário
um amplo e contínuo diálogo entre os diversos saberes, entre as religiões,
entre os diversos segmentos da sociedade. O Papa Francisco reconhece o esforço
empenhando para encontrar soluções para as questões ambientais, mas coloca a
humanidade diante da realidade do que ainda é preciso ser feito, o que não é
possível sem o diálogo e cooperação de todos.
O Papa
questiona: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às
crianças que estão a crescer? (160)” Um questionamento que constitui a razão da
Carta Encíclica Laudato Si e, por isso, é transversal a todos os temas
abordados. A resposta é complexa dadas as interconexões das diferentes
dimensões da vida no planeta. A única forma de vislumbrar um outro mundo passa
pela abordagem que contemple os desafios das diferentes áreas que constituem o
tripé da sustentabilidade: o campo econômico, social e ecológico.
2
Viver em Aliança: comunhão, relações e
interdependências
Deus
fez aliança com “todo o ser vivente” (Cf. Gn 9, 10-20) e não há como viver,
estar vivo, se não for em aliança, o que implica profundas e constantes
interdependências. A experiência de ser e estar no mundo se pauta na narração
da criação. O que Deus criou é bom, mas o ser humano rompe e destrói o
equilíbrio original estabelecido e desejado por Deus.
Essas narrações [da criação] sugerem que a
existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente
ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra. Segundo a Bíblia,
essas três relações vitais romperam-se não só exteriormente, mas também dentro de
nós. Esta ruptura é o pecado (66).
O
pecado é ruptura de relações, destruição dos vínculos em todas as dimensões
essenciais para se alcançar a plenitude da vida e permitir vida no planeta. A
ruptura das complexas e saudáveis relações, no âmbito cristão, resulta de uma
leitura e interpretação equivocada da Sagrada Escritura. “Nós, cristãos, algumas
vezes interpretámos de forma incorrecta as Escrituras, hoje devemos
decididamente rejeitar que, do facto de ser criados à imagem de Deus e do
mandato de dominar a terra, se deduza um domínio absoluto sobre as outras
criaturas” (67). O
ser humano é chamado a “cultivar e guardar” (cf. Gn 2,15). Na carta encíclica
Laudato Si lemos que “o meio ambiente é um bem colectivo, património de toda a
humanidade e responsabilidade de todos” (95). E
ainda sobre o sentido da visão do mundo a partir da fé cristã: “O mundo é algo
mais do que um problema a resolver; é um mistério gozoso que contemplamos na
alegria e no louvor” (12). O cuidado incumbido por Deus ao ser humano é um
cuidado desprendido e sempre direcionado para o Criador, pois conforme o Papa
afirma, “o fim último das restantes criaturas não somos nós. Mas todas avançam,
juntamente connosco e através de nós, para a meta comum, que é
Deus, numa plenitude transcendente onde Cristo ressuscitado tudo abraça e
ilumina” (83). Para os cristãos, a
criação não é divindade, mas expressão da grandeza e sabedoria do Criador. Nela
ele se mostra aos olhos dos que não o podem ver ainda face a face. “O que é
invisível n’Ele – o seu eterno poder e divindade – tornou-se visível à
inteligência, desde a criação do mundo, nas suas obras” (Rm 1, 20).
2.1
O ser humano e sua posição na criação.
A
posição do ser humano não é do domínio absoluto, contudo preserva uma missão e
características que lhe são próprias e o distinguem das demais criaturas. O seu ser capaz
de Deus, capaz de compreender as coisas e os processos que dinamizam a
vida, capaz de tomar decisões e ser ético, implica usufruir os bens da terra
necessários para a vida e a responsabilidade ética pelo cuidado dos
mesmos. Redimensionar o ser humano do
domínio absoluto para uma experiência de vida compartilhada com as demais,
segundo a encíclica, “não significa igualar todos os seres vivos e tirar ao ser
humano aquele seu valor peculiar que, simultaneamente, implica uma tremenda
responsabilidade” (90). Por outro lado, continua o Papa, não se trata de uma
divinização da terra, pois então “nos privaria da nossa vocação de colaborar
com ela e proteger a sua fragilidade. Estas concepções acabariam por criar
novos desequilíbrios, na tentativa de fugir da realidade que nos interpela”
(90).
A
comunhão, na experiência a partir da própria Trindade, nos aproxima de todas as
criaturas de tal forma que “podemos lamentar a extinção de uma espécie como se
fosse uma mutilação” (89). Antes mesmo dos insistentes apelos dos saberes e da
sociedade em geral, é na vida em aliança, em comunhão com Criador e todas as
suas criaturas, onde estão as raízes e a motivação maior do cuidado
socioambiental. Diz o Papa: “Nós e todos os seres do universo, sendo criados
pelo mesmo Pai, estamos unidos por laços invisíveis e formamos uma espécie de
família universal, uma comunhão sublime que nos impele a um respeito sagrado,
amoroso e humilde” (90).
Aqui
se chega a um ponto controverso muitas vezes por falta de uma concepção
integrativa da vida. Pode-se falar da impossibilidade de amar e cuidar de uns e
de outros não, pois é a mesma experiência de vida e relação ética com a vida. O
amor e a compaixão por uma determinada forma de vida repercute nas demais. Na
encíclica lemos a este respeito: “Não pode ser autêntico um sentimento de união
íntima com os outros seres da natureza, se ao mesmo tempo não houver no coração
ternura, compaixão e preocupação pelos seres humanos” (91). Um ponto crítico é a relação ética com os
animais. Se de um lado há uma relação conturbada que lhes tira a possibilidade
de serem tratados segundo as exigências que lhe são próprias, por outro, muitas
vezes estão subjugados aos mandos e desmandos que lhes causam danos e mortes
desnecessários. O Papa diz: “Quando o coração está verdadeiramente aberto a uma
comunhão universal, nada e ninguém fica excluído desta fraternidade” (92). A
comunhão universal implica a inclusão de todas as criaturas e fortalecimento de
laços de amor e respeito.
A indiferença ou a crueldade com as outras
criaturas deste mundo sempre acabam de alguma forma por repercutir-se no
tratamento que reservamos aos outros seres humanos. O coração é um só, e a
própria miséria que leva a maltratar um animal não tarda a manifestar-se na
relação com as outras pessoas. Todo o encarniçamento contra qualquer criatura ‘é
contrário à dignidade humana’ (92).
2.2
Ecologia integral
Viver
em aliança na prática supõe que se considere as complexas interações das
diferentes criaturas e se entenda que tanto o ser individual único está
colocado em seu lugar e posição com propósito próprio, mas também tem sentido e
relevância o modo de estabelecer suas relações com o entorno. Não se trata de
somar os individuais para se formar comunhão, pois esta não é uma mera
somatória de indivíduos e coisas, mas é a forma de se inter-relacionar, ou
seja, uma relação de amor em todas as direções.
Estas interações são sempre únicas e trazem uma nova dinâmica para o
todo.
A
ecologia integral, como é apresentada na encíclica Laudato Si, tem como
propósito avaliar a posição do ser humano no contexto do meio ambiente e suas
relações com este meio, ou seja, com palavras do Papa Francisco, é uma ecologia
“que integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas
relações com a realidade que o circunda” (23). Embora o ser humano e as demais
criaturas sejam distintos entre si e com o Criador, estão profundamente unidos
e interconectados de forma que não se pode ver a natureza “como algo separado
de nós ou como uma mera moldura da nossa vida” (139). As relações humanas não
se estabelecem apenas com o outro humano, mas também com as outras criaturas,
ora de forma individual, ora em sociedade. Portanto, também os ambientes
coletivos sociais e culturais integram o nosso emaranhado de relações. Desta
forma afetam todas as nossas ações cotidianas. “Se tudo está relacionado, também
o estado de saúde das instituições duma sociedade tem consequências no ambiente
e na qualidade de vida humana: ‘toda a lesão da solidariedade e da amizade
cívica provoca danos ambientais’” (142). As interações entre humanos passam
pelas instituições e organizações que os representam e se propõem engajar pelos
interesses comuns. Continua o Papa:
A ecologia social é necessariamente
institucional e progressivamente alcança as diferentes dimensões, que vão desde
o grupo social primário, a família, até à vida internacional, passando pela
comunidade local e a nação. Dentro de cada um dos níveis sociais e entre eles,
desenvolvem-se as instituições que regulam as relações humanas (142).
Ecologia
integral reforça as interações das esferas econômicas, sociais e ambientais,
dimensões que constituem o tripé da sustentabilidade. “Não há duas crises
separadas, uma ambiental e outra social, mas uma única e complexa crise socioambiental”
(139). A concepção de ecologia integral e integradora está profundamente
interconectada com a noção de bem comum. O comprometimento com as questões
sociais – a opção preferencial pelos pobres – “é uma exigência ética
fundamental para a efectiva realização do bem comum” (158). Numa sociedade onde
as estruturas socioeconômicas geram sempre mais pessoas privadas de condições
econômicas, de direitos fundamentais são facilmente descartadas, é preciso mais
do que regulamentações, um compromisso sério e contínuo em prol de uma
sociedade mais justa e solidária.
O que está na raiz do cuidado, para
o cristão, é o sentido que lhe é dado pela fé. Trata-se de um chamado para
cuidar de todas as criaturas segundo as leis inscritas pelo Criador, que
confere a cada espécie um modo próprio de ser e estar no mundo. “Precisamente
pela sua dignidade única e por ser dotado de inteligência, o ser humano é
chamado a respeitar a criação com as suas leis internas, já que ‘o Senhor
fundou a terra com sabedoria’ ( Pr 3, 19)” (69).
3
Desafios ecológicos e discípulos
missionários ecoamigáveis
Para
formar discípulos missionários ecoamigáveis
é preciso entender a causa e a extensão da atual crise. Não é possível separar
os campos acima mencionados, mas é preciso delinear cada dimensão para
estabelecer critérios e prioridades para que uma solução seja possível. A análise
da atual situação, conforme apresentado na encíclica permite “individuar não
apenas os seus sintomas, mas também as causas mais profundas” (15).
3.1
O paradigma tecnocrata - antropocentrismo
exacerbado.
A tecnologia é abordada de forma
incisiva pela sua relevância na atualidade. As novas tecnologias, cujo
desenvolvimento muitas vezes ultrapassa a capacidade de assimilação do ser
humano, invadem amplos espaços da vida cotidiana tanto no recinto privado e familiar
bem como em nível de sociedade local e global. De um lado, reconhece-se a sua
contribuição para a melhoria das condições de vida, de outro, são apontados os
problemas que dela derivam quando usadas de forma inconsequente, ou seja,
quando o bem do ser humano e de outras formas de vida são excluídas.
Em se tratando dos avanços
tecnológicos, em princípio
é justo que nos alegremos com estes progressos
e nos entusiasmemos à vista das amplas possibilidades que nos abrem estas
novidades incessantes, porque ‘a ciência e a tecnologia são um produto
estupendo da criatividade humana que Deus nos deu’ (102).
A par das possibilidades que se
abrem com as tecnologias, elas concedem poderes antes desconhecidos. O alcance
de tais poderes muitas vezes é imprevisível. Uma análise apurada demonstra a
problemática deste empoderamento tecnológico quando não orientado para o bem-estar
do ser humano e de todas as formas de vida e seu entorno. Os grandes problemas
surgem quando se exclui o ser humano e quando se pretende usar as novas
tecnologias como único meio para resolver problemas de magnitude global através
de ações pontuas e desconectadas. O Papa alerta: “Na realidade a tecnologia,
que, ligada à finança, pretende ser a única solução dos problemas, é incapaz de
ver o mistério das múltiplas relações que existem
entre as coisas e, por isso, às vezes resolve um problema criando outros” (20). A tecnologia exclusivamente a serviço de uma
economia que não tem o ser humano e todas as formas de vida como centro traz
consequências deploráveis, pois se torna como que uma máquina de gerar sempre
mais excluídos e descartados da sociedade. O grande poder reinante hoje,
mediante o qual se inclinam também as grandes potências mundiais, como países
ou blocos, é a economia empoderada e qualificada pelas vantagens das novas
tecnologias no intuito de lucros sempre maiores, mais fáceis e mais rápidos.
Sobre esta problemática, o Papa Francisco lembra: “A aliança entre
economia e tecnologia acaba por deixar de fora tudo o que não faz parte dos
seus interesses imediatos” (54). Não se pode ignorar que aqueles que detêm o poder e o conhecimento,
de acordo com o Papa, exercem “um domínio impressionante sobre o conjunto do género
humano e do mundo inteiro” (104). A exploração da natureza e das populações
mais vulneráveis é ainda mais voraz com o uso inconsequente das tecnologias
visando apenas lucros fáceis e gigantescos, sem considerar as necessidades
humanas e do planeta. A lógica da dominação tecnocrata é hoje um dos maiores
desafios. O domínio tecnocrático deteriora e destrói a economia e política
fazendo com que as instâncias de promoção da pessoa e da sua rede social agora
são questionáveis. O Papa Francisco diz neste contexto: “O paradigma
tecnocrático tende a exercer o seu domínio também sobre a economia e a política”
(109). A autorregulação do mercado como se espera em países democráticos não
acontece, pois é regulado por dinamismos adversos ao bem-estar da pessoa, da
sociedade e do planeta.
Uma
das questões cruciais quando se trata de analisar os desafios relativos ao meio
ambiente e as interconexões com as outras áreas é a posição do ser humano no
todo da criação e sua missão a partir do lugar que ocupa como ser pensante e
capaz do agir ético. O excesso de antropocentrismo leva o ser humano a
concentrar-se demasiadamente em si próprio e no poder que presume ter. E do
exercício deste poder nasce a lógica da dominação, do descartável tanto em
relação ao ser humano como todos os bens da natureza. Uma lógica que leva à
escravidão e ao abandono das periferias da vida. É esta mesma lógica que está atrás do
comércio e tráfico de animais (cf. 123).
Entre
as dimensões da vida humana imprescindíveis para uma ecologia integral é o
complexo mundo do trabalho como fator de dignificação e da promoção da pessoa.
No entanto, os atuais paradigmas no mundo da economia e, consequentemente na
política a ela submissa, o trabalho é regido muitas vezes por processos de
exploração, tirando-lhe a dimensão de ser um espaço de autorrealização e
criatividade humana. “Em qualquer abordagem de ecologia integral que não exclua
o ser humano, é indispensável incluir o valor do trabalho” (124). O trabalho
geralmente é relacionado com a sobrevivência, bem-estar e possibilidade de
enriquecimento. No entanto, na perspectiva cristã, não se pode esquecer da
incumbência dada por Deus de cuidar do jardim e o domínio que, na verdade, é
participação dos processos de vida no planeta.
Na realidade, a intervenção humana que favorece
o desenvolvimento prudente da criação é a forma mais adequada de cuidar dela,
porque implica colocar-se como instrumento de Deus para ajudar a fazer
desabrochar as potencialidades que Ele mesmo inseriu nas coisas: ‘O Senhor
produziu da terra os medicamentos; e o homem sensato não os desprezará’ ( Sir
38, 4) (124).
Um
desafio a mais na relação com a casa comum é o reconhecimento dos limites do
progresso. Este aspecto levanta sempre mais questionamentos sobre a
responsabilidade ética na intervenção do ser humano na natureza.
Contemplando o mundo, damo-nos conta de que
este nível de intervenção humana, muitas vezes ao serviço da finança e do
consumismo, faz com que esta terra onde vivemos se torne realmente menos rica e
bela, cada vez mais limitada e cinzenta, enquanto ao mesmo tempo o
desenvolvimento da tecnologia e das ofertas de consumo continua a avançar sem
limites (34).
É
uma questão complexa, mas que deve ser encarada com responsabilidade. A
exploração econômica da natureza muitas vezes vem acompanhada de projetos
pontuais e desconexos como forma de justificar a intervenção inconsequente. Em
todos os lugares e na sociedade global não há políticas que preservem a
natureza no seu curso de autorregeneração. A posse sempre mais ampla de terras
com auxílio das mais avançadas tecnologias geram pobreza e exclusão de muitas
pessoas antes ocupados em pequenas propriedades, de cultivo ecologicamente
equilibrado e, na maioria das vezes, e intervém de forma negativa na
biodiversidade – no conjunto de ecossistemas, essenciais para a vida do planeta
(cf. 134ss). Por isso, o Papa conclama:
É preciso assegurar um debate científico e
social que seja responsável e amplo, capaz de considerar toda a informação
disponível e chamar as coisas pelo seu nome. Às vezes não se coloca sobre a mesa a informação completa, mas é
seleccionada de acordo com os próprios interesses, sejam eles políticos, económicos
ou ideológicos. Isto torna difícil elaborar um juízo equilibrado e prudente sobre as
várias questões, tendo presente todas as variáveis em jogo. É necessário dispor
de espaços de debate, onde todos aqueles que poderiam de algum modo ver-se, directa ou indirectamente, afectados
(agricultores, consumidores, autoridades, cientistas, produtores de sementes, populações vizinhas dos
campos tratados e outros) tenham possibilidade de expor as suas problemáticas ou
ter acesso a uma informação
ampla e fidedigna para adoptar decisões tendentes ao bem comum presente e futuro (135).
3.2
Pistas de ação – educação socioambiental.
O
grande desafio da Igreja e da sociedade como um todo é tornar realidade as
urgências socioambientais, deduzidas a partir da atual situação socioambiental.
É preciso identificar caminhos concretos para que as mudanças necessárias
aconteçam. Segundo o Papa Francisco, “não haverá uma nova relação com a
natureza, sem um ser humano novo” (118). Por este motivo, não se pode separar o
reconhecimento da necessidade de mudanças com a formação consistente e
permanente dos cristãos, dos discípulos missionários ecoamigáveis. A análise
precisa necessariamente virar proposta. E a proposta precisa encontrar eco em
pessoas e instâncias de gestão dispostas a torna-la realidade. No ambiente
particular, mas especialmente em nível global onde os grandes desafios devem
estar na ordem do dia, a resposta aos apelos em prol da vida no planeta é fraca
e insuficiente.
Preocupa a fraqueza da reacção política
internacional. A submissão da política à tecnologia e à finança demonstra-se na
falência das cimeiras mundiais sobre o meio ambiente. Há demasiados interesses
particulares e, com muita facilidade, o interesse económico chega a prevalecer
sobre o bem comum e manipular a informação para não ver afectados os seus
projectos (54).
Para
o Papa é importante que se encontrem caminhos concretos amplos, pois precisamos
de políticas internacionais e locais “que nos ajudem a sair da espiral de
autodestruição onde estamos a afundar” (163).
A própria encíclica pretende ser uma importante contribuição para que se
chegue a uma prática coerente e eficaz no cuidado do meio ambiente. “A Igreja
não pretende definir as questões científicas, nem substituir-se à política, mas
convido a um debate honesto e transparente para que as necessidades
particulares ou as ideologias não lesem o bem comum” (188). O diálogo e
transparência são fundamentais para que os projetos sejam efetivamente inofensivos
ao meio ambiente, ou mais ainda, sejam benéficos à medida que o impacto
ambiental seja de caráter positivo.
A previsão do impacto
ambiental dos empreendimentos e projectos requer processos
políticos transparentes e sujeitos a diálogo, enquanto a corrupção, que esconde
o verdadeiro impacto ambiental dum projecto em troca de favores, frequentemente
leva a acordos ambíguos que fogem ao dever de informar e a um debate profundo (182).
Após várias tentativas de acordos
internacionais sobre políticas e ações em prol do ambiente, cabe também uma
chamada para a responsabilidades das lideranças políticas. Um outro mundo
somente é possível se cada um faz sua parte, mas também se as autoridades
adotarem novos critérios e saibam se contrapor às pressões vindas de segmentos
com interesses manifestos adversos ao cuidado do bem comum.
Para um político, assumir estas
responsabilidades com os custos que implicam não corresponde à lógica eficientista
e imediatista actual da economia e da política, mas, se ele tiver a coragem de
o fazer, poderá novamente reconhecer a dignidade que Deus lhe deu como pessoa e
deixará, depois da sua passagem por esta história, um testemunho de generosa
responsabilidade. Importa dar um lugar preponderante a uma política salutar,
capaz de reformar as instituições, coordená-la e dotá-las de bons
procedimentos, que permitam superar pressões e inércias viciosas (181).
Além dos grandes programas globais
cabe uma participação efetiva da gestão local. Em nível local as
responsabilidades se disseminam até alcançar cada ser humano, cada cristão. “A acção política local pode orientar-se para a alteração
do consumo, o desenvolvimento duma economia de resíduos e reciclagem, a
protecção de determinadas espécies e a programação duma agricultura
diversificada com a rotação de culturas” (180).
Uma reação à
altura dos atuais desafios socioambientais começa por uma educação sólida e
permanente que resulte numa mudança de estilo de vida. Este novo estilo requer
um grande processo educativo, pois, segundo o Papa francisco, “não haverá uma
nova relação com a natureza, sem um ser humano novo” (118). Não se trata de mudar aspectos parciais da
vida, mas de mudar um modo de estar no mundo. O “sistema normativo” (53)
sugerido pelo Papa Francisco é extremamente importante, pois é necessário que
se estabeleçam os limites necessários e ações proativas de proteção aos
ecossistemas. No entanto, uma mudança de paradigmas não se impõe só por
regulamentações. Por isso, a dedicação de amplo espaço da encíclica à educação.
Um novo modo de pensar e agir – uma cultura do cuidado – implica uma adesão da
pessoa como um todo. Trata-se de promover um novo comportamento que tenha na
sua base o conhecimento e reconhecimento de tudo o que implica cuidar de todas
as formas de vida e de todo o planeta, ou seja, sua fundamentação e seu
sentido.
Um novo modelo, um novo modo de
estar no mundo, concorrem com os constantes apelos de uma sociedade do consumo,
do conforto e onde prevalece o hedonismo. As necessidades criadas e sugeridas
pelo sistema vigente requerem uma sempre maior exploração do ambiente. Daí a
importância de uma educação fundamentada em valores consistentes e
convincentes.
A educação será ineficaz e os seus esforços
estéreis, se não se preocupar também por difundir um novo modelo relativo ao
ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza. Caso contrário,
continuará a perdurar o modelo consumista, transmitido pelos meios de
comunicação social e através dos mecanismos eficazes do mercado (215).
Requer-se,
portanto, uma autêntica conversão ecológica, pois a crise ecológica é também
uma crise cultural. O desafio de mudar hábitos e comportamentos implica num
processo contínuo e não em fragmentos pontuais. Por isso, envolve todas as
instâncias educacionais desde “a escola, a família, os meios de comunicação, a
catequese” (213).
O
Papa Francisco sugere ações cotidianas que em seu conjunto fazem a diferença e
transforma cada cristão, cada cidadão partícipe de um mundo novo possível.
A educação na responsabilidade ambiental pode
incentivar vários comportamentos que têm incidência directa e importante no
cuidado do meio ambiente, tais como evitar o uso de plástico e papel, reduzir o
consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente
se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos
transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar
árvores, apagar as luzes desnecessárias… Tudo isto faz parte duma criatividade
generosa e dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano. Voltar –
com base em motivações profundas – a utilizar algo em vez de desperdiçar rapidamente
pode ser um acto de amor que exprime a nossa dignidade (211).
Uma
mudança de estilo de vida não se reduz ao controle do modo de consumo próprio,
mas inclui também o exercício da cidadania, ou seja, o empenho para “exercer
uma pressão salutar sobre quantos detêm o poder político, económico e social”
(206). O consumidor cria as demandas, por isso pode e deve promover, por esta
força que lhe é própria, “a mudança do comportamento das empresas, forçando-as
a reconsiderar o impacto ambiental e os modelos de produção” (206).
Considerações Finais
“Ele
deu uma ordem e tudo foi criado; Ele fixou tudo pelos séculos sem fim e
estabeleceu leis a que não se pode fugir! (Sl 148, 5b6)”.
O
apelo maior para os cristãos é reconhecer as demais criaturas com um fim
próprio, com suas peculiaridades e exigências próprias. Estas características
que são próprias de cada criatura é como que uma descrição divina sobre o modo de cuidá-la. As criaturas louvam a
Deus por sua existência, portanto, cabe ao ser humano cuidar de cada uma com
carinho especial, sabendo-se incumbido por Deus para tal missão.
A
problemática das questões socioambientais não reside no uso destes para o
bem-estar do ser humano e sua sobrevivência, mas no abuso que se faz ao
desrespeitar suas leis internas, segundo as quais tem uma dinâmica de vida
própria. A velocidade da exploração dos bens da natureza é incompatível com o
processo de regeneração ambiental. Ela não é determinada pelo uso consequente e
responsável dos bens da natureza, mas pela exploração inescrupulosa para
atender as exigências de uma sociedade consumista, imediatista e egoísta.
A
encíclica aborda diversas dimensões da atual crise que, na percepção de São
João Paulo II, em sua Mensagem da Paz, de 1990, não é uma mera crise ecológica,
mas um reflexo da crise moral.
Referências
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