"Em diversas áreas do planeta o nível do bem-estar continua a crescer, mas aumenta ameaçadoramente o número dos novos pobres e se alarga, por várias regiões, o hiato entre países menos desenvolvidos e países ricos. O mercado livre, processo econômico com lados positivos, manifesta todavia os seus limites. Por outro lado, o amor preferencial pelos pobres representa uma opção fundamental da Igreja, e ela o propõe a todos os homens de boa vontade" (DSI n. 3).
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Há ricos pobres e pobres ricos! Eis porque falar do pobre não pode ser reduzido à condição econômica, embora esta seja determinante para a garantia de um mínimo necessário para a vida digna. O importante é não confundir a pobreza material com a pobreza humanitária. Por isso, há pobres econômicos de uma extrema riqueza humanitária. Sabem compartilhar espontânea e abnegadamente. Há ricos que são pobres na sensibilidade de perceber a necessidade do outro. Precisam reaprender a ser gente - precisam humanizar-se para que suas atitudes sejam também humanizadas e humanizadoras.
Superar a pobreza não pode reduzir-se a gestos pequenos e pontuais, embora estes sejam extremamente importantes, é preciso uma jornada mundial em prol da vida, das necessidades mínimas da dignidade humana. Para alguns faltam bens materiais, outros carecem de bens humanitários. Todos igualmente necessitam de doação e ao mesmo tempo doar-se. As "estruturas sociais" opressoras são geradas e mantidas pela estrutura de pecado da humanidade. Pecado individual e social, pois se a pessoa não protagoniza um novo modo de ser em sociedade e para a sociedade, ela, no mínimo, permite que se estabeleçam e mantenham estruturas destruidoras da dignidade humana. Acordar, tomar iniciativa, agregar-se a grupos de afinidade é relevante. Mas não se trata exclusivamente de marchar e se manifestar publicamente. Antes disso, é preciso restabelecer a liderança e o protagonismo comunitário. Muitos aparecem só em dia de levantar a bandeira, o que pouco muda, embora seja uma relevante forma de manifestar a opinião e o desejo dos rumos da sociedade. A questão é: por que estão vazias muitas das cadeiras destinadas aos cidadãos para o exercício do controle social? Será que as ditaduras, inclusive aquelas disfarçadas de democracias, ainda dominam a nossa consciência cidadã? A lei do pensamento único, resultante das contínuas lutas entre dois extremos, está roubando muita iniciativa e criatividade. Se o cidadão quer paz, ele se sente obrigado a não expressar sua opinião. Porque em grande parte, a diferença de opiniões gera a mais perversa condenação pública - porque os espaços virtuais acabam sendo uma vitrine de exposição pública. E aqui não se está privilegiando nenhuma orientação política. Simplesmente é uma chaga social a ser aceita pela autocrítica e superada pela responsabilidade social e política de cada cidadão.
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"In different areas of the planet the level of well-being continues to grow, but there is also a dangerous increase in the numbers of those who are becoming poor, and, for various reasons, the gap between less developed and rich countries is widening. The free market, an economic process with positive aspects, is nonetheless showing its limitations. On the other hand, the preferential love for the poor represents a fundamental choice for the Church, and she proposes it to all people of good will".
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"En diversas áreas del planeta, el nivel de bienestar sigue creciendo, pero también aumenta peligrosamente el número de los nuevos pobres y se amplía, por diversas razones, la distancia entre los países menos desarrollados y los países ricos. El libre mercado, que es un proceso económico con aspectos positivos, manifiesta sin embargo sus limitaciones. Por otra parte, el amor preferencial por los pobres representa una opción fundamental de la Iglesia, y Ella la propone a todos los hombres de buena voluntad".
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