25 de fev. de 2017

Carnaval e a homenagem à Nossa Senhora Aparecida!

Por acaso existe uma lei que obrigue a pecar no carnaval? Então, a priori não é um lugar de pecado... É porque vulgarizamos e insinuamos que todos os que vão pular carnaval estão liberados dos seus valores éticos! Por que todo este escândalo com uma homenagem religiosa? Como assim, Maria viveu todos os seus dias e todas as suas horas trancada no templo? É hora de chegar a todos os lugares, todas as periferias existenciais... Quem sabe a sua mensagem nos mostre que carnaval não é símbolo de pecado... e dá para passar uma mensagem nos contornos morais e éticos sem perder em nada a alegria e animação! Compreendo certa preocupação, mas a mensagem que vai ser transmitida recebeu o aval dos avaliadores eclesiásticos. Pedidos para algum ajuste foram aceitos pela escola... então, espero que fique a mensagem e não o escândalo..

21 de fev. de 2017

Dinheiro público, onde estás?

Não importa quem está no poder público, o que importa é que o dinheiro dos impostos, qualquer que seja o representante do povo, deve ser priorizado para o bem comum... e não distribuído generosamente para a folia de poucos sob o pretexto de ser uma tradição. Pode um evento de poucos anos ser considerado uma tradição de tal relevância que é preciso tirar dinheiro dos cofres públicos? Assim fica fácil... Por que não levantam da cadeira e vão buscar o dinheiro necessário na iniciativa privada? O imposto não é dinheiro do governo, é o dinheiro do povo que o governo tem a obrigação de administrar em favor do povo. Alguma vez o povo (sim, aquele que está nas filas do SUS, aqueles pais que madrugam por uma vaga na creche ou na escola...) foi ouvido para liberar dinheiro para a muita diversão de poucos? E a forma como estas coisas são noticiadas nos querem induzir a pensar que esta é uma boa aplicação dos nossos impostos... infelizmente!

17 de fev. de 2017

Maria, Mãe e Educadora!

Sim, Maria, é antes de tudo Mãe e Educadora. O maior milagre é de transformar-nos, em Cristo, em discípulos missionários autênticos. Adianta derramar lágrimas de emoção por uma suposta 'aparição' e, na próxima esquina, furar o sinal vermelho, não usar o cinto de segurança, não reservar tempo para o filho, dar um jeitinho para furar a fila, usar a vaga do idoso (só um minutinho?)... Ainda mais se Maria apenas manda rezar pelos outros, coloca um monte de defeitos neles e toma uma postura ideológica, sempre a meu favor... é para pensar um pouco. Será que não tenho nada para mudar? Sua principal missão: GERAR JESUS EM NOSSOS CORAÇÕES! Aprendamos com o Papa Francisco (9/2/2107): “Não, Nossa Senhora não é um Correio que todos os dias envia uma carta diferente, dizendo: 'Meus filhos, façam isso e, em seguida, no dia seguinte diz falam isso aqui’. Não, não é isso. A verdadeira Nossa Senhora é aquela que gera Jesus em nossos corações, e que é Mãe. Esta moda de Nossa Senhora Superstar, como uma protagonista que se coloca no centro, não é 'Católica'." (Antes das pedras, um esclarecimento: o modo como Deus nos quer falar é por conta deles, nada contra, apenas para mostrar que em alguns casos,carecem elementos de conversão e adesão a Cristo).

Em tempos de Campanha da Fraternidade sobre o bioma brasileiro (2017)

 HOSS, Geni Maria, 2013, p. 17 (dissertações e teses)

1.1            A responsabilidade ética na raiz da fé criacional

 O tema deste capítulo – ecologia e sustentabilidade – busca na teologia da criação seu significado e seus fundamentos. Compreender a criação a partir da nova criação em Cristo é fundamental para que se supere uma leitura fragmentada dos textos bíblicos, enfraquecendo muitas vezes a dimensão soteorológica e escatológica, que lhe dão o verdadeiro sentido.

"A criação é o fundamento de "todos os desígnios salvíficos de Deus", "o começo da história da salvação", que culmina em Cristo. Inversamente, o mistério de Cristo é a luz decisiva sobre o mistério da criação; ele revela o fim em vista do qual, "no princípio, Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1): desde o início, Deus tinha em vista a glória da nova criação em Cristo[1]."

1.1.1        A fé criacional


Crer em Deus Criador é essencialmente crer que ele tudo criou por amor. O amor de Deus precede a criação. Amor que é sua essência como Deus, que é uno e trino. Os vínculos do amor se dão em primeiro plano no seio da Trindade. A criação está no início da história da aliança de Deus. Aquele que é o grande Criador é também aquele que está em aliança com seu povo e sua criação. Esta aliança constitui a dinâmica relacional Criador – criação – Criador.

"A revelação da criação é inseparável da revelação e da realização da Aliança de Deus, o Único, com o seu Povo. A criação é revelada como sendo o primeiro passo rumo a esta Aliança, como o testemunho primeiro e universal do amor Todo-Poderoso de Deus" [2].

Na aliança com Noé aparece de forma singular o cuidado da vida. A arca é o lugar do cuidado da vida. É, portanto, uma aliança com a vida! A família de Noé – a pomba – o ramo – a terra são referências à vida, a distintos elementos da natureza. “Pode-se falar [...] de uma aliança cósmica, proporcional ao estado de perversidade e a punição”[3].
 Portanto, Deus se relaciona não só com o ser humano, mas com toda a sua criação. Dos seres humanos, ele espera fidelidade à aliança. "Se ouvirdes minha voz e guardardes minha aliança, sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa" (Ex 19,5-6). É Deus que dá forma e, no conjunto de todas as coisas, define um lugar para cada coisa, a partir do qual, ele é importante para o conjunto da criação. A ação criadora está fundada única e exclusivamente na sua vontade e sua palavra. Ele cria do nada - creatio ex nihilo – e só por amor - creatio ex amore.

"Como a teoria do Big Bang não exclui de fato a possibilidade de um precedente estado da matéria, é possível relevar que ela parece dar um apoio simplesmente indireto à doutrina da creatio ex nihilo que, como tal, só se pode conhecer através da fé" [4].

O princípio criador está baseado na total gratuidade do Criador. Ele cria no princípio - creatio in principio -. "No princípio, Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1). A criação no princípio culmina com a nova criação em Cristo. “Deus eterno pôs um começo a tudo o que existe fora dele. Só ele é Criador (o verbo ‘criar’ - em hebraico, 'bara' sempre tem como sujeito Deus). Tudo o que existe (expresso pela fórmula ‘o céu e a terra’) depende daquele que lhe dá o ser”[5]. Ele cria e conserva o que criou. “É Deus que, numa creatio continua lhes dá a vitalidade e os mantém na existência”[6]. Nenhuma criatura sobrevive sem luz e sem água, nenhum ser humano vive sem amor. A criação depende da vontade permanente de Deus para que ela continue a existir. A creatio continua é a dimensão da fé que permite vislumbrar uma imensurável dinamicidade da criação. Trata-se de incontáveis processos vitais do conjunto de ecossistemas, na perspectiva cristã, não estão dissociados da criação in principio e, por isso, com razão se pode afirmar a criação in statu viae[7]. A criação não caminha para um fim aleatório, sem rumo e sem sentido. Existe um desígnio original em relação à criação como um todo, mas também em relação a cada criatura. "Muitos são os projetos do coração humano, mas é o desígnio do Senhor que permanece firme" (Pr 19,21). Este desígnio está ligado ao modo de ser e estar no mundo sempre numa perspectiva escatológica. A fé na providência de Deus é, sobretudo, a fé no desígnio do Criador com sua criação e identificá-lo permite entender o sentido e significado do movimento de todas as coisas criadas.

Ela [a criação] é criada ‘em estado de caminhada’ [‘in statu viae’] para uma perfeição última a ser ainda atingida, para a qual Deus a destinou. Chamamos de divina providência as disposições pelas quais Deus conduz sua criação para esta perfeição[8].

A perspectiva escatológica da criação, a perfeição alcançada em Cristo, é o horizonte que ilumina a caminhada do Povo de Deus. Embora, na caminhada, a aliança é sempre de novo reestabelecida, o pecado pessoal e estrutural somente será plenamente vencido na dimensão escatológica. Não obstante, o plano de Deus não está sujeito a interferências das infidelidades humanas.

"Deus conserva e governa com sua providência tudo o que criou; ela se estende "com vigor de um extremo ao outro e governa o universo com suavidade" (Sb 8,1). Pois "tudo está nu e descoberto aos seus olhos" (Hb 4,13), mesmo os atos dependentes da ação livre das criaturas" [9].

Num tempo pós-reinado do cientificismo (da ciência como verdade absoluta, única e definitiva), há maior receptividade de outras abordagens, considerando-se que o avanço das descobertas científicas confronta a ciência também com seus próprios limites. Acidentes aleatórios, acasos e contingências não são incompatíveis com a providência de Deus porque “a causalidade divina pode estar ativa em um processo que é ou contingente ou dirigido”[10]. Como Deus providente “Deus é o Senhor soberano de seus desígnios, mas para a realização dos mesmos, serve-se também do concurso das criaturas”[11]. Existe uma reciprocidade dinâmica entre o Criador e a criatura consciente, habilitada para a relação com o transcendente, o que se constitui numa relação de responsabilidade ética com todo o mundo criado. Quando Deus for “tudo em todos” (1 Cor 15,28) e todo pecado e sofrimento for superado, então a Nova Criação será realidade. “Nela deve se realizar – que foi dito de forma antecipada por Jesus Cristo – o sim incondicional da criação como resposta à palavra criadora de Deus”[12]. A atitude exigida é do cuidado e compaixão e não da destruição. A compaixão desdobra-se em cuidados pelo outro. Acontece na experiência de alteridade. O outro dá sentido ao empenho em prol de todas as formas de vida. Portanto, não cabe uso indiscriminado dos bens da Terra e intervenções destruidoras de vida em benefício e conforto ilimitado próprio.
  

1.1.2        Creatura: “Quão numerosas são as tuas obras!” (Sl 104, 24a)


 Pelas obras da criação, o Criador se revela enquanto distinto do ser por ele criado. “Sem dúvida, Deus deixou vestígios de seu ser trinitário em sua obra de Criação”[13]. O Criador se revela também na complexa e ao mesmo tempo simples constituição de cada criatura bem como nas múltiplas interações entre as criaturas. No entanto, “a intimidade de seu Ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão”[14]. A criação, descoberta gradativamente em toda sua complexidade, apenas indica a grandeza e magnificência do Criador. As coisas criadas são indicações da divindade, mas não são divindade, portanto, são o totalmente outro e ao mesmo tempo profundamente unido.

"O discurso da imanência de Deus quer expressar que Deus ‘habita’ em tudo o que é, conquanto a existência do não divino não é possível de outro modo. Em sua imanência, Deus permanece o transcendente, distinto do ente individual, aquele que fundamenta o ser do ente inicialmente e permanentemente" [15].

Denomina-se com mundo toda a realidade criada, inclusive o resultado da ação humana. Assim entende-se que não somente a Terra, as plantas, animais, seres humanos, mas também os resultados da atividade humana como cultura, arte, política, ciências, técnica... Tanto a natureza dada como todas estas realidades no mundo trazem o signo da criaturalidade, do ser finito, limitado e vulnerável. São, portanto, chamadas à vida por Deus e necessitam de cuidado e de serem mantidas, porque tanto o ser humano como os frutos de suas obras não estão fundados em si mesmos. “O ser humano e seu mundo não se fundamentam, em última análise, em si próprio. O seu de onde e para onde, sua origem e seu fim, o transcendem, ou seja, se fundam em Deus”[16].

A criação é ontologicamente dependente do Criador e é liberada [frei-gegeben] pelo próprio Criador para existência autônoma. “Todas as criaturas foram liberadas [frei-gesetzt] por Deus para seu existir e ser assim como são”[17]. Autonomia que afirma e permite as relações recíprocas Criador – criatura. A autonomia se concretiza na condição própria de cada criatura. Ou seja, uma autonomia não abdica da relação de dependência da criatura em relação ao Criador. “Porque o mundo deve sua relação (relatio) ao amoroso Criador, trata-se de uma autonomia ‘relativa’. ‘Relativa’ neste caso não significa uma autonomia limitada, porém, uma autonomia “condicionada a relações”[18]. A autonomia – o ser liberado para existência própria – não permite que a criação determine para si mesma a condição de deixar de existir. “Esta autonomia permite que se vá até os extremos da oposição diante de Deus e sua vontade criadora, de tal forma que as pessoas podem destruir-se a si próprios e a parcela da criação que lhe cabe, hoje quase toda a vida da Terra”[19]. É o deixar a criação a um livre curso por parte do Criador que permite ao ser humano, como criatura, a exercer a liberdade, fundando-se nesta dimensão também a necessidade da ética e da moral.

O ponto crucial para se entender a concepção cristã da criação é a relação Criador – criatura, sujeita à inúmeras formas de interpretação no decorrer dos anos. As diferentes teorias surgidas no decorrer da história e as múltiplas visões de mundo e de Deus hoje requerem um conhecimento aprofundado sobre a própria fé para se estabelecer critérios do agir cristão e ao mesmo tempo habilitar para o diálogo entre concepções diversas.

Certos filósofos afirmaram que tudo é Deus, que o mundo é Deus, ou que o devir do mundo é o devir de Deus (panteísmo); outros afirmaram que o mundo é uma emanação necessária de Deus, emanação esta que deriva dessa fonte e volta a ela; outros ainda afirmaram a existência de dois princípios eternos, o Bem e o Mal, a Luz e as Trevas, em luta permanente entre si (dualismo, maniqueísmo); segundo algumas dessas concepções, o mundo (pelo menos o mundo material) seria mau, produto de uma queda, e, portanto deve ser rejeitado ou superado (gnose); outros admitem que o mundo tenha sido feito por Deus, mas à maneira de um relojoeiro que, uma vez terminado o serviço, o teria abandonado a si mesmo (deísmo); outros, finalmente, não aceitam nenhuma origem transcendente do mundo, vendo neste o mero jogo de uma matéria que teria existido sempre (materialismo)[20].

A visão deísta da Idade Moderna, onde Deus é colocado como Transcendência absoluta, suprimindo-se assim totalmente a imanência de Deus, tem suscitado debate no tempo contemporâneo. “Como ‘mestre de obras do mundo’, Deus coloca a obra original do mundo em andamento e depois entrega em grande medida a si próprio”[21]. O deísmo não anula a fé em Deus, mas o elimina dos processos vitais no mundo, reduzindo sua ação criadora para o começo e o fim. Nesta concepção, “um agir permanente de Deus no mundo, uma presença criadora e salvadora de Deus na criação é categoricamente excluída”[22]. Deus, no máximo, como em Kant, é uma necessidade como absoluto moral, postulado moral, que garante, em última análise, no final da história pessoal e mundial, a concordância entre moralidade e felicidade[23]. Este paradigma coloca Deus e a criação numa relação de sujeito e objeto, com limites bem definidos, que ao mesmo tempo delimitem um ao outro. Neste modelo, admite-se uma relação similar como entre criaturas. No entanto, “Não pode ser pensada de forma consistente a Transcendência singular de um Criador sobre mundo sem pensar sua relação singular com ela e a presença que dela deriva”[24].
O paradoxo ser-no-mundo (imanência) e ser-acima-do-mundo (transcendência) não são dimensões concorrentes em forma de paralelas, mas constitui, em reciprocidade, o modo de relação de Deus Criador com o mundo criado. “Quem, portanto, quer desfazer unilateralmente este paradoxo Deus estar em e sobre sua criação, desfaz com isto a fé cristã em Deus e na criação”[25]. A correta concepção da criação depende essencialmente da visão de Deus Criador e Salvador, “Deus é amor!” (1Jo 4,8). O amor, portanto, é a essência de Deus Trindade. A ágape em João é o amor de Deus para com sua criação.

A reciprocidade trinitária é matriz para a reciprocidade inter-humana, primeiro e último elemento de tudo o que existe. Da mesma maneira que o Filho e o Espírito Santo constituem referências de um Princípio sem princípio, um mistério absoluto – o Pai -, assim também o homem e a mulher são constituídos através da referência a um dinamismo que os transcende e constitui o mistério do ser humano[26].

A relação Criador – criatura se dá, em última análise, segundo a matriz relacional da própria Trindade, numa relação de amor onde se afirma e se faz a experiência de pessoa (individualidade) e comunhão (coletividade) num profundo fluir e refluir de vida e amor.

1.1.3        O ser humano e criação


Se para a abordagem antropológica no âmbito da teologia prática é relevante que se o faça no contexto da complexa teia de inter-relações, então é relevante aqui uma hermenêutica da criação, nomeadamente do sentido e da posição do ser humano no contexto desta verdade fundamental da fé cristã. Como toda a criação, também carece a abordagem sobre o ser humano na criação e sua posição e missão dela derivada.
Ser à imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26-27) de Deus implica entender o ser humano na ordem da criação, sua relação com Deus e com os demais seres criados. É compreendê-lo, portanto, na experiência fundante de alteridade, pois Deus é outro. Há diálogo, há um descobrir-se a partir do diálogo com um tu transcendente e um tu semelhante, há uma relação e inter-relação com todos os seres criados.

As páginas do primeiro livro da Sagrada Escritura, que descrevem a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26-27), encerram um ensinamento fundamental sobre a identidade e a vocação da pessoa humana. Dizem-nos que a criação do homem e da mulher e um ato livre e gratuito de Deus; que o homem e a mulher constituem, porque livres e inteligentes, o tu criado de Deus e que somente na relação com Ele podem descobrir e realizar o significado autêntico e pleno de sua vida pessoal e social; que estes, precisamente na sua complementaridade e reciprocidade, são a imagem do Amor Trinitário no universo criado; que a eles, que são o ápice da criação, o Criador confia a tarefa de ordenar segundo o desígnio do seu Criador a natureza criada (cf. Gn 1, 28)[27].

Cada ser humano possui uma identidade própria, o que o torna único, insubstituível e, como tal, é também um ser em relação, cuja realização plena só é possível na profunda comunhão com o seu Criador. Este modo de ser manifesta a imagem e semelhança de um Deus Uno e Trino. Homem e mulher, portanto, o ser humano, desde sua origem, não é um ser sozinho, mas de relação e cuidado. Ele é capaz de relacionar-se com Deus, com os demais seres vivos. Relacionar-se não é uma opção, mas uma necessidade fundamental e condição primária, em última análise, condição para a felicidade e autorrealização. Este ser em relação é parte constituinte de sua identidade, de sua vocação.
 A criação do ser humano, embora com detalhes peculiares, não é incompatível, em princípio, com os atuais paradigmas ecológicos, respeitadas as abordagens específicas de cada área de conhecimento. Os aspectos conflitantes estão principalmente relacionados com a hermenêutica dos primeiros capítulos de Gênesis, sob o impacto do cientificismo da Idade Moderna, que atribui ao ser humano superpoderes sobre todo o ser criado. Tal antropologia dá vazão a interpretações adversas ao mandato divino: “Enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que se movem no chão” (Gn 1, 28).

O verbo submeter, em hebraico, kabash, no contexto da cultura semita tem como foco principal a terra e o seu cultivo, e o verbo dominar é tradução do hebraico radah, que possui o sentido de cultivar, organizar e cuidar. Assim, não é concedida ao ser humano, a posse em termos de senhorio em relação aos outros seres criados, pois a consideração destes verbos indica precisamente atitudes de cultivo, zelo e cuidado, próprias de um pastor que conduz suas ovelhas protegendo-as dos iminentes perigos[28].

Ser imagem e semelhança implica ser em relação de acordo com aquele que criou. O ser imagem e semelhança está relacionado com os atributos que distinguem o ser humano no leque de todos os seres criados, de onde também advém, além do servir-se consequente e ético da criação para a própria sobrevivência, a responsabilidade pelo seu cuidado:

 Querendo especificar, o homem e “imagem” de Deus por causa, ao menos, de seis características:
A racionalidade, isto e, a capacidade e a obrigação de conhecer e de compreender o mundo criado;
a liberdade, que implica a capacidade e o dever de decidir e a responsabilidade pelas decisões tomadas (Gn 2);
uma posição de comando, porém de modo algum absoluto, e sim sob o domínio de Deus;
a capacidade de agir em conformidade com Aquele do qual a pessoa humana e imagem, ou seja, de imitar Deus;
a dignidade de ser uma pessoa, um ser ‘relacional’, capaz de ter relações pessoais com Deus e com os outros seres humanos (Gn 2);
a santidade da vida humana[29].

O mandato divino é incumbência de coparticipação da obra criada, ou seja, de responsabilidade ética para o cuidado da criação. A teologia afirma o comando do mundo como algo indiscutível, porém, sob o domínio de Deus. Este paradigma requer sempre reverência diante da majestade daquele que criou. Esta é a mística cristã: Não se reverencia as coisas criadas como divindade, mas a divindade que se revela nas coisas e é ao mesmo tempo infinitamente maior que elas: “Quão numerosas são tuas obras, Iahweh, e todas fizeste com sabedoria! A terra está repleta das tuas criaturas”. (Sl 104, 4). Esta reverência não se manifesta por palavras vazias, mas pelo respeito e consideração que são o conteúdo e a forma mais eloquente do louvor.
O ser humano é feito próximo de Deus, ser livre, pensante e capacitado para a transcendência e, na condição de criatura, compartilha as condições até mesmo dos seres vivos minúsculos e vulneráveis, remetendo à solidariedade universal com todas as criaturas. “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou”. (Gn 1, 27). Ser imagem e semelhança de Deus não retira do ser humano sua condição própria como criatura – ser vivo - condição comum com toda a biosfera. Concedeu-lhe o Criador a habilidade de transcender-se, relacionando-se com o Transcendente de forma consciente e vivencial. Por esta sua peculiaridade, no âmbito cristão atribui-se uma posição central ao ser humano na ordem da criação ao mesmo tempo em que se admite a sua integração num complexo sistema vital, sendo as coisas interconectadas e ordenadas reciprocamente, cada qual com um modo de ser e estar no mundo próprio.
 O catecismo da Igreja Católica diz: "O mundo foi criado para a glória de Deus"[30]. As coisas criadas são ordenadas, em última análise, ao seu Criador. Cabe, portanto, o uso, segundo os desígnios do Criador, para a subsistência de todas as formas de vida no planeta e não sua exploração desmedida para o benefício de poucos. O princípio da sobrevivência supõe o uso ordenado das coisas criadas pela lei da necessidade recíproca escrita na natureza. O uso inconsequente, no entanto, compromete a vida no futuro. A responsabilidade dos seres humanos no sentido de preservar e respeitar a vida no planeta, obra do Deus Criador. Chama-o [o ser humano] a governar sobre o mundo criado, mas com responsabilidade e de modo sábio e benévolo, características do reino do próprio Criador”[31]. A responsabilidade ética na relação com a criação requer do ser humano humildade como modo de ser no mundo, ciente de suas possibilidades e limitações.

O caminho teológico cristão para a superação da crise ecológica estaria, pois em volta a perguntar sobre o Deus da revelação judeu-cristã, de quem a criatura humana é imagem. Um Deus que se revela não pelo domínio, mas pelo abrir mão de suas prerrogativas e pela vinda humilde em direção à sua criação para ali revelar-se, fazer morada, conhecer e ser conhecido. Conhecer a Deus, nesse sentido, é inseparável de amar. Conhecer a criação ser, então, dominá-la, não reduzi-la, não instrumentalizá-la, mas colocar-se, também, modesta e maravilhadamente, na escola do amor que olha, vê com respeito e entra em relação[32].

Todas as afirmações da centralidade do ser humano na criação não representam o isolamento e sobreposição inconsequente, mas justamente a sua integração no todo do meio ambiente, por reconhecer sua responsabilidade derivada da ordem da criação. Ser outro não significa ser fora de, mesmo na ordem da fé uma vez que o próprio Criador colocou um modo de ser e estar no mundo interdependente e complexa na sua criação. É preciso “respeitar as leis inscritas na criação e as relações que derivam da natureza das coisas é princípio de sabedoria e fundamento da moral”[33]. As transgressões desta ordem estão na raiz do desequilíbrio ecológico em todas as esferas da vida, em última análise, uma transgressão contra o próprio Criador. A ordem, no entanto, constitui-se de forma complexa, ou seja, não é ao todo fechada, desafiando o ser humano na sua tarefa de partícipe dos dinâmicos processos que sustentam a vida no planeta. Por isso, neste sentido as demandas em relação à sustentabilidade do planeta são apelo para conversão. Tudo o que atenta ao projeto original de Deus, manifesto pela ordem intrínseca das coisas criadas, requer reconciliação com Deus que tudo criou com um sentido próprio e, ao ser humano, confiou os cuidados pelo jardim. Um jardim que tem sua ordem própria e está sempre aberto para o aperfeiçoamento. O senhorio desejado por Deus, nesta ordem, trata de uma relação ética e respeitosa e contribuição efetiva para o equilíbrio ecológico.
Cultivar e guardar o jardim é o cuidado hoje reconhecido como condição fundamental para a vida do planeta. Não se trata de ações desconexas: É o cuidado como cultura da civilização, ou seja, o cuidado capaz de gerar uma civilização com novos paradigmas, novas relações e novos estilos de vida. Segundo Boff, o cuidado significa

renunciar à vontade de poder que reduz tudo a objetos, desconectados da subjetividade humana, significa recusar-se a todo despotismo e a toda dominação. Significa impor limites à obsessão pela eficácia a qualquer custo. Significa derrubar ditadura da racionalidade fria e abstrata para dar lugar ao cuidado. Significa organizar o trabalho em sintonia com a natureza e suas indicações. Significa respeitar a comunhão que todas as coisas entretêm entre si e conosco. [...] Significa captar a presença do Espírito para além dos nossos limites humanos, no universo, nas plantas, nos organismos vivos[34].

 As narrativas bíblicas da criação – lidas no seu conjunto – não permitem qualquer outra relação do ser humano com a biosfera que não seja a da responsabilidade ética e cuidado:

Sempre acontecem mal-entendidos quando passagens bíblicas são tiradas de seu contexto histórico-tradicional e usadas para a legitimação de outros interesses. Por isso, temos que atentar também para o relato javista da criação: Gn 2,15 fala do “jardim do Éden” que os homens devem “cultivar e cuidar”. O domínio da pessoa humana sobre a terra deveria, pois, corresponder à atividade de um jardineiro que cultiva e preserva. De modo algum se fala de cultura exaustiva e de exploração[35].

1.1.4        A relação do ser humano com os animais


 A relação ética com os animais como tema específico aparece de forma muito breve, por vezes totalmente ausente, nos documentos da Igreja e na teologia da criação. No catecismo da Igreja Católica, está integrada no sétimo mandamento. (§ 2415 – 2418). São, portanto, parte dos “bens da humanidade”, que não podem ser subtraídos de forma indiscriminada da natureza. “O sétimo mandamento manda respeitar a integridade da criação. Os animais, como as plantas e os seres inanimados, estão naturalmente destinados ao bem comum da humanidade passada, presente e futura”[36]. Salvaguarda duas dimensões: A criação é obra de Deus e para Deus.
 Na visão autenticamente cristã se dá alto valor aos animais e lhes garante fundamentos para uma correta relação ética: “É contrário à dignidade humana, fazer os animais sofrerem inutilmente e desperdiçar suas vidas”[37]. Acentua-se o cuidado para com os animais, no entanto, com equilíbrio na relação ser humano – animais. “É igualmente indigno gastar com eles o que deveria prioritariamente aliviar a miséria dos homens”[38]. É o justo equilíbrio que vale em relação ao amor, o que por princípio faz parte daquele que se professa cristão. “Pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas”[39]. Neste ponto, Jahr, buscando fundamentos em diversos autores, defende o tratamento às diferentes formas de vida segundo suas particularidades. O modo de ser de cada um requer também um modo corresponde de estar no mundo, o que constitui o habitat específico de cada um.
A Igreja afirma a missão peculiar do ser humano como gestor da criação, mas não sem o devido respeito pelas diversas formas de vida.

Do ponto de vista da administração dos recursos: ao ser humano e atribuído certo poder sobre a vida dos animais [...]. No entanto, ele deve respeitar qualquer vida como algo de misterioso (9,4). A extensão da aliança a todos os seres vivos e a toda a terra põe em relevo o estatuto do homem como companheiro de todos os seres da criação[40].

 Um conceito da complexidade da vida inclui também uma maior abrangência desta. A ontologia, identificando o ser de um ser não identifica somente as peculiaridades, mas também as características comuns a todos os seres, que os une e interconecta, apontando para cuidados semelhantes.

Frente à problemática global da ecologia do planeta, o horizonte moral aberto pelo valor “respeito pela vida” poderia facilmente ultrapassar os interesses só da humanidade, chegando a fundamentar uma reflexão renovada sobre o equilíbrio das espécies animais e vegetais, com todas as nuanças possíveis[41].

O respeito pela vida é mais que respeito pelo ser humano, tanto no sentido de se tratar da criação de Deus em si, mas também pelos laços e interação existente entre todas as formas de vida.

1.1.5        A criação: In statu viae


O processo de aperfeiçoamento e evolutivo é inerente à caminhada na aliança com Deus. A criação não é um ato acabado por um criador ‘aposentado’ de suas funções, como sugere o cientificismo, também não é um estado estático, mas obra de um Deus presente e previdente, que leva à perfeição aquilo que criou, segundo seu projeto original: “A criação tem sua bondade e sua perfeição próprias, mas não saiu completamente acabada das mãos do Criador. Ela é criada ‘em estado de caminhada’ (in statu viae’) para uma perfeição última a ser ainda atingida, para a qual Deus a destinou”[42]. Deus está continuamente presente na criação, ele “está em atividade criadora permanente e constante, proporcionando, deste modo, subsistência à realidade criada”[43].
 A visão dinâmica de mundo aparece no Concílio Vaticano II, no entanto, na prática, ainda hoje se apresenta de forma tímida. A assembleia conciliar (Vaticano II) constata e vislumbra para o futuro um novo paradigma, o da dinamicidade e complexidade. O modo de pensar e agir carregado de uma perspectiva, sobremaneira estática, dá lugar a uma visão de uma realidade dinâmica, o que traz consigo novos desafios.

Acabou-se o tempo em que as diferentes partes da humanidade estavam voltadas a destinos diversos. Passou-se de uma visão estática para uma visão dinâmica e evolutiva do mundo, gerando novos problemas, que reclamam novas análises e novas sínteses[44].

 A visão de mundo dinâmico, em movimento, com formas de vida diversas, em constante inter-relacionamento, em vista do seu fim escatológico, traz em si a ideia de um Deus Criador de um mundo em contínua evolução, em statu viae para atingir seu fim último, seu fim escatológico, e, somente nesta dimensão se pode falar da perfeição da criação.
Teilhard de Chardin SJ (1881 – 1955) sugere que, ao aproximar-se das ciências naturais, se entenda Cristo não somente como o Alpha, mas que se acentue também o Ômega (cf. Ap 22, 13). Para ele, é urgente a superação de uma visão de mundo que contemple ciência sem Deus e a visão de um Deus desconectado do mundo, herança da Idade Moderna, ou seja, do reinado do cientificismo. A plenitude é alcançada na ressurreição em Cristo, esperança e força motriz para a qual caminha toda a criação. Cristo é a causa finalis da criação[45].
A afirmação “Tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1,16b) tem importância especial no pensamento de Chardin. Com base em estudos científicos da época, inclusive na área da paleontologia, Chardin faz reflexão teológica sobre o caráter evolutivo e complexo da criação onde não só o começo, mas também o fim, e toda a extensão da criação tem como ponto convergente Cristo[46]. Embora, em muitos círculos eclesiais, a cosmologia de Chardin não tenha recebido a justa recepção, a ideia da dinamicidade e evolução tem influenciado teologia como um todo. O debate hoje é no sentido de evitar uma visão científica reducionista da pessoa humana, ponto ainda tenso na relação fé – ciência. Reduzir a criação e sentido de existência humana à dimensão psicobiológica acentua as dificuldades na perspectiva cristã, segundo a qual o ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus. Do ponto de vista teológico-cristão, o sentido do ser e estar no mundo, de todo ser criado reside no seu processo contínuo de redenção em vista do seu fim escatológico, quando então atinge a perfeição desejada por Deus. “A economia da ação salvífica divina abrange, junto com a origem criadora da história, da presença permanente de Deus e seu agir salvador em Jesus Cristo, em última análise, também sua perfeição prometida no vindouro Reino de Deus”[47].




[1] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 280.
[2] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 288.
[3] PONTIFÍCIA Comissão Bíblica, 2009, n. 21.
[4] COMISSÃO Teológica Internacional. Comunhão e Serviço: A pessoa humana criada à imagem de Deus, 2004. Disponível em:
<http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_con_cfaith_doc_20040723_communion-stewardship_po.html.> Acesso em: 25 ago. 2013.
[5] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 290.
[6] PONTIFÍCIA Comissão Bíblica, 2009, n. 09.
[7] Cf. CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 302.
[8] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 302.
[9] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 302.
[10] COMISSÃO Teológica Internacional, 2004, n. 69.
[11] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 306.
[12] KEHL, Medard. Und Gott sah, dass es gut war – Eine Theologie der Schöpfung. München: Herder, 2008, p. 36: “In ihr soll das – durch Jesus Christus bereits vorweg gesprochene – vorbehaltlose Ja der Schöpfung als Antwort auf das Schöpfungswort Gottes in allem verwirklicht sein”. (Tradução nossa).
[13] CATECISMO da Igreja Católica, 1999. n. 237.
[14] CATECISMO da Igreja Católica, 1999. n. 237.
[15] SATTLER, Dorothea. SCHNEIDER, Theodor. Doutrina da Criação. In: SCHNEIDER, Theodor (Org). Manual de Dogmática. Petrópolis: Vozes, 2002, Vol. 1, p. 191.
[16] KEHL, 2008, p. 38: “Der Mensch und seine Welt gründen im Letzten nicht in sich selbst. Ihr fundamentales Woher und Woraufhin, ihr Ursprung undi hr Sinn liegen außenhalb ihrer selbst, eben in Gott”. (Tradução nossa).
[17] KEHL, 2008, p. 66: “Alle Geschöpfe sind von Gott in ihr je eigenes Dasein und Sosein frei-gesetzt”. (Tradução nossa).
[18] KEHL, 2008, p. 39: “Weil die Welt sich der Beziehung (relatio) zum liebenden Schöpfer verdankt, handelt es sich um eine ‘relative’ Eigenständigkeit. ‘Relativ’ bedeutet hier also nicht eine ‘eingeschränkte Eigenständigkeit, sondern eine ‘relational bedingte’ Eigenständigkeit”. (Tradução nossa).
[19] KEHL, 2008, p. 39: “kann diese Eigenständigkeit bis zu extremen Widersändigkeit gegenüber Gott und seinem Schöpfungswillen gehen; so sehr, dass Menschen sich selbst und den ihnen anvertrauten Bereich der Schöpfung, ja heute sogar fast alles Leben auf dieser Erde, zersören können”. (Tradução nossa).
[20] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 285
[21] KEHL, 2008, p. 31: „Als uranfänglicher ‘Weltbaumeister’ setzt Gott das Urwerk der Welt in Gang und überlässt sie dann weitgehend sich selbst”. (Tradução nossa).
[22] KEHL, 2008, p. 31: “ein fortwährendes innerweltliches Handeln Gottes, eine schöpferisch-heilende Präsenz Gottes in der Schöpfung, kategorisch ausgeschlossen”. (Tradução nossa).
[23] Cf. KRASSUSKI, Jair Antônio. Crítica da religião e sistema em Kant: um modelo de reconstrução racional do cristianismo. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS, 2005.
[24] KEHL, 2008, p. 32: “Die einzigartige Transzendenz eines Schöpfers über die Welt kann konsistent nicht gedacht werden, ohne seine einzigartige Beziehung zu ihr und die daraus erwachsene Präsenz in ihr mitzubedenken”. (Tradução nossa).
[25] KEHL, 2008, p. 239: “Wer also dieses paradox von Gottes In- und Über-seiner-Schöpfung-Sein einseitig auflöst, löst damit den christlichen Gottes-und Schöpfungsglaube auf”. (Tradução nossa).
[26] BINGEMER, Maria Clara. Deus, segredo escondido na criação. in CRUZ, Eduardo R. da. Teologia e Ciências Naturais. São Paulo: Paulinas. 2011, p. 74.
[27] PONTIFÍCIO Conselho “Justiça e Paz”, 2005, p. 34.
[28]GARMUS, Ludovico. Bíblia e Ecologia. In: Grande Sinal, maio/junho, 1992, Ano 46, N° 3, p. 278.
[29] PONTIFÍCIA Comissão Bíblica, 2009, n. 08.
[30] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 293.
[31] PONTIFÍCIA Comissão Bíblica, 2009, n. 09.
[32] BINGEMER, 2011, p. 65.
[33] CATECISMO da Igreja Católica, 1999. n. 354.
[34] BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 102.
[35] MOLTMANN, Jürgen. Doutrina Ecológica da Criação. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 55
[36] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 2415.
[37] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 2418.
[38] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 2418.
[39] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 2418.
[40] PONTIFÍCIA Comissão Bíblica, 2009, n. 22.
[41] PONTIFÍCIA Comissão Bíblica, 2009, n. 98.
[42] CATECISMO da Igreja Católica, 1999, n. 302.
[43] SATTLER, 2002, p. 194.
[44] CONCILIO VATICANO II. Constituição Pastoral Gaudium et spes. Sobre a Igreja no mundo contemporâneo, 22. In: VATICANO II. Mensagens, Discursos, Documentos. Tradução Francisco Catão. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2011, n. 5.
[45] Cf. KEHL, 2008, p. 329.
[46] Cf. KEHL, 2008, p. 330.
[47] KEHL, 2008, p. 83: “Die OIkonomia des göttlichen Heilshandelns umgreift zusammen mit dem schöpferischen Ursprung der Geschichte, der ständigen Präsenz Gottes und seinem erlösenden Handeln in Jesus Christus schließlich auch ihre verheißene Vollendung im kommenden Reich Gottes“. (Tradução nossa).

14 de fev. de 2017

Bioética - um novo tempo, um novo desafio e uma nova disciplina

Quando Fritz Jahr, em 1926, criou a terminologia bioética,  ele não pretendeu defender o não consumo de seres vivos para a sobrevivência. Isto porque suas reflexões incluem seres vivos como micróbios e bactérias, de um lado essenciais para a vida, de outro, alguns deles altamente prejudiciais. Não se vive sem outros seres vivos e são outros seres vivos que podem nos destruir. Neste sentido “a obrigação e a vontade de viver têm de ser equilibradas com o respeito à vida e ao empenho dos outros”. (SASS, 2013, p 507)"', HOSS, GM. 2017.

8 de fev. de 2017

Em tempos de desafios ecológicos: a nossa casa comum precisa de discípulos missionários proféticos - cuidadores da criação

Se a relação do ser humano com o meio ambiente, na perspectiva cristã, se fundamenta essencialmente na fé criacional, sua raiz e motivação última, um estilo ecoamigável, ou seja, a práxis decorrente do conteúdo da fé a respeito da criação, requer um constante diálogo com os atuais paradigmas no campo da ecologia e do cuidado, ou seja, das ciências naturais e das ciências humanas. Neste estudo se trata de relacionar a fé criacional com as dimensões inerentes ao conceito de sustentabilidade, hoje no topo dos debates quando se trata das relações éticas com o meio ambiente. A sustentabilidade, termo atualmente usado em larga escala, não é novo, embora, para atender as novas demandas, tenha sido ampliado e se tornado mais complexo. Vogt, ao fazer referência ao uso da terminologia, levanta a questão: Sustentabilidade, uma “visão para um novo contrato social ou um bilhete de desejos sem compromisso”?[1]



[1] VOGT, 2010, p. 111: “Vision für einen neuen Gesellschaftsverlag oder unverbindlicher Wunschzettel?” (Tradução nossa).

3 de fev. de 2017

Em nome da liberdade...

Em nome da liberdade.. Parece que perdemos todos os limites! Exposição ilimitada sobre uma pessoa sem que ela ou responsável legal possam se expressar ou tenham liberado. Em nome da liberdade, podemos dispor de nossos próprios desejos, ou não? Afinal, quantas coisas são reguladas pela coletividade? Em nome da liberdade... Sim, a liberdade não é fazer tudo o que queremos e da forma como queremos. Para cada ação, para cada palavra existe um contorno dado pela educação e pela sensibilidade humana. A liberdade não é  manifestação selvagem dos ímpetos pessoais, movidos por euforia da novidade, pela ódio, pelo estúpido prazer de ver o outro na desgraça. A liberdade é uma expressão da dignidade humana e, como tal, é vivida na própria condição humana. Uma condição que nos permite viver a própria identidade, que nos permite tomar decisões individuais, de expressar opiniões, mas tudo isso numa relação constante de individualidade e coletividade. A minha liberdade não termina onde começa a do outro, não, isto é desgraça! A liberdade tem sempre a dimensão da comunhão com o outro e o ambiente. Liberdade é constantemente compartilhada, porque ninguém vive isolado, embora em algum momento possa vivenciar pessoalmente a solidão...