A participação na vida comunitária não é somente uma das maiores aspirações do cidadão, chamado a exercitar livre e responsavelmente o próprio papel cívico com e pelos outros, mas também uma das pilastras de todos os ordenamentos democráticos, além de ser uma das maiores garantias de permanência da democracia. O governo democrático, com efeito, é definido a partir da atribuição por parte do povo de poderes e funções, que são exercitados em seu nome, por sua conta e em seu favor; é evidente, portanto, que toda democracia deve ser participativa. Isto implica que os vários sujeitos da comunidade civil, em todos os seus níveis, sejam informados, ouvidos e envolvidos no exercício das funções que ela desempenha.(Compêndio DSI, n. 190, 2004)
A conquista do voto livre e consciente é algo extremamente relevante para a consolidação da democracia. Mas enquanto ato isolado sem o comprometimento efetivo dos cidadãos nas diversas instâncias de participação e controle social deixa-se curso livre para manipulação política a favor de interesses adversos ao bem comum. Na verdade, perde-se o verdadeiro sentido da democracia. Não basta dizer diante das eleições que é "preciso saber votar" se por falta de protagonismo político não há perspectivas de opções melhores. Uma sociedade pautada em polarização sem autocrítica não consegue vislumbrar novos caminhos, outras opções a não ser aqueles que se estabeleceram historicamente, mesmo que cheios de vícios e pouco afã das mudanças necessárias para que os governantes sejam representantes do povo e que trabalham em favor do povo. Eleger e se acomodar é o paraíso para qualquer ditadura mascarada de democracia. Não só a falta de motivação, mas também o pouco conhecimento das emaranhadas estruturas políticas não são atraentes, porém, tanto mais necessárias. É grave o fato de que os gestores de um país, em qualquer nível, não tenham formação adequada, nem tampouco os cidadãos tem formação suficiente para entender sua função na democracia. Ainda assim, grandes líderes políticos saíram da escola da vida como líderes comunitários onde são confrontados com toda a sorte de desafios. Mergulhar nas realidades é uma experiência essencial para que se possa propor e aprovar políticas públicas que sejam efetivamente interessantes para a sociedade. A falta de consciência política e até mesmo o menosprezo dela, acrescido de intolerância, por vezes sutil, mas perceptível no próprio discurso tido em favor da tolerância, divide as forças e leva uma sociedade ao caos. Quando se está aberto ao diálogo, contanto que o interlocutor só mostre concordâncias, quando se respeita o diferente conquanto ele se sujeite aos meus critérios, quando o caos instaurado é sempre promovido pelo outro e nada me diz respeito, então as portas da democrácia estão definitivamente fechadas ... Pensemos um pouco!!!
(HOSS, Geni Maria, novembro 2015).
(HOSS, Geni Maria, novembro 2015).
Nenhum comentário:
Postar um comentário