11 de set. de 2015

Fritz Jahr (1895-1953, Halle a. Saale) x Albert Schweitzer (1875-1965, Kaysersberg- Günsbach)



Afinidades & complementos
Fritz Jahr[2]
Albert Schweitzer[3]
A compaixão:  
“O filósofo Schopenhauer, que fundamentou a importância especial da sua ética com base no sentimento de compaixão em relação aos animais, aludiu de maneira clara ao mundo intelectual indiano [Gedankenwelt]”. (p. 244)
“Como primeiro pensador europeu – e ele valoriza que receba esta honra – Arthur Schopenhauer (1788-1860) anuncia uma visão de mundo no qual está bem viva a ideia da ligação [proximidade] entre o ser humano com a criatura”. (p. 104).
“A distinção exata entre o animal e o ser humano [Mensch], que foi predominante em nossa cultura europeia até o fim do século XVIII, não pode ser mais defendida”. (p. 243)
“No pensamento chinês e indiano a responsabilidade do ser humano para com a criatura exerce um papel bem mais importante do que no pensamento europeu.“ (p. 83)

Criaturas (animais): Um fim/valor em si mesmo
Respeita cada ser vivo essencialmente como um fim em si mesmo e trata-o, se possível, como tal!”[4].
“Yang Dschu[5]combate o preconceito de que as criaturas existem exclusivamente em função do ser humano e para seu uso. Sua existência tem um significado e um valor em si mesmos” (p. 83)
Francisco de Assis: precursor
“Na verdade, a Bioética não é só uma descoberta dos tempos modernos. Um bom exemplo do
passado é a figura de São Francisco de Assis (1182-1226) com seu grande amor em relação aos animais e compaixão por todas as formas de vida, séculos antes do romanticismo de Rousseau por toda a natureza”. (p. 244)
A “fraternidade entre o ser humano e a criatura foi reconhecida por São Francisco de Assis (1182-1226). Mas as pessoas não entenderam. Elas pensaram que era poesia. Mas é a verdade. A religião e a filosofia precisam reconhecer [esta realidade]. Em vão elas resistiram. (p. 116)
Alicerce cristão
“Não matarás!”
“Felizes os misericordiosos!”
“Não matarás!” ‘Não matarás’. Matar não se refere sempre a algo vivo? Como esse mandamento não proíbe expressamente o ato de matar só os seres humanos, não devemos também aplicá-lo para os outros seres vivos, sobretudo, os animais? (p. 245)

“E vocês ainda conseguem acreditar que aquele que fala de si próprio como o “bom pastor” não sente no coração misericórdia pelos animais? [...] Misericórdia para com os animais é questão dos cristãos”. (p. 46)

“Tudo o que o Senhor poderia ter dito sobre os animais está nas bem-aventuranças: ‘Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!’ (Mt 5,7)”. (p. 46)

Sofrimento como condição de vida
 “Motivos razoáveis” – o limite estabelecido pelo “princípio da luta pela vida” – Kampf ums Dasein - (cf. p. 258).
A “imposição da necessidade” – Zwang der Notwendigkeit – (p. 64)
“Segredo sofrido” – teia alimentar. (p. 110)
Decisão livre. 
Pesquisas com animais
“Quando analisamos as publicações da ciência moderna, encontramos imediatamente estudos semelhantes de seres humanos e animais como objetos de pesquisa na fisiologia e na psicologia. Hoje, tal igualdade de tratamento não está reservada, conforme já mencionado, aos seres humanos, porque métodos similares são aplicados no campo dos animais e, como há uma pesquisa comparativa anatômico zoológica, são realizadas muitas comparações entre a alma humana e alma do animal”. (p. 257)
“Uma das mais difíceis questões sobe o nosso comportamento em relação às criaturas surgiu com a ciência moderna. Pesquisa com animais nos permitem fazer observações sobre as funções da vida para doenças e empregar os processos de tratamento. Isto permite avanços no conhecimento sobre meios de manutenção da vida e superação da dor. [...] Também aqui devemos ter responsabilidade [...] Em que sentido elas têm uma meta e o que pode ser feito para minimizar a dor.” (p. 72).
Vida humana x vida animal
“Quando nutri­mos um sentimento de carinho com os animais, não va­mos conter a compaixão e a ajuda para com o sofrimento da humanidade”. (p. 246)
“Os animais são nossos irmãos, os grandes e os pequenos. Só com este reconhecimento nós alcançamos a verdadeira humanidade”. (p. 116)
“Não há duas formas de ética, a ética é uma só“. (p. 116)
A relação com o universo

Sem referência específica.
“Através de uma atitude ética diante de todas as criaturas alcançamos uma relação espiritual com o universo” (p. 82)
Aspectos pedagógicos
“Nenhum ser humano decente [anständiger Mensch] aceitará, sem críticas, que alguém rude, leviano e inconsequente [Flegel] tire a parte superior das flores com uma vara enquanto caminha ou que crianças arranquem as flores apenas para jogá-las fora depois de alguns passos”. (p. 245)
 “Aquele agricultor que colhe milhares de flores para o alimento de suas vacas deve preservar-se, no caminho para casa, de colher flores à beira do caminho sem estar sob a imposição da necessidade”. (p. 78)

Luta de touros? - sofrimento animal produzido para entretenimento – (cf. p.112ss)

A culpa comum do silêncio ou indiferença ao observamos, por exemplo, transporte de animais que passam sede e fome. (cf. 78ss)


“A boa consciência é uma invenção do diabo!”
(p. 77)




[1] GOLDIM, José Roberto. Bioética: Origens e Complexidade. In: SOUZA, Ricardo Timm de; OLIVEIRA, Nythamar Fernandes de. (orgs). Fenomenologia Hoje III – Bioética, Biotecnologia, Biopolítica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008, p. 331.

[2] Revista - Centro Universitário São Camilo - 2011;5(3):242-275

[3] SCHWEITZER, Albert. Ehrfurcht vor den Tieren. München: Verlag C.H. Beck o HG, 2011.

[4] GOLDIM, José Roberto. Bioética: Origens e Complexidade. In: SOUZA, Ricardo Timm de; OLIVEIRA, Nythamar Fernandes de. (orgs). Fenomenologia Hoje III – Bioética, Biotecnologia, Biopolítica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008, p. 331.

[5] Filósofo 3.º sec. a.C.

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