15 de mar. de 2017

Reforma da aposentadoria dos políticos, cadê?

Claro que eu quero a reforma da aposentadoria .... dos POLÍTICOS... Ser contra a reforma da aposentadoria como foi apresentada é diferente de uma contrariedade absoluta. O foco na atual proposta é extremamente necessário, mas ignora uma outra reforma urgente. Com poucos anos na política e a garantia de uma aposentadoria gorda por tempo e eternidade? Quanto custa isto para o país? Por que nem quem costuma fazer a narrativa bem articulada em favor do povo não se incomoda com tal injustiça? Não basta ser legal, tem que ser moral! Enquanto a lei muitas vezes é feita pelos próprios interessados, a moral se pauta na dignidade da pessoa! Ora, repudiar um modelo não pode fazer-nos esquecer de engajar-nos para que uma efetiva reforma da aposentadoria dos políticos seja efetivada.

11 de mar. de 2017

Campanha da Fraternidade 2017 - cuidar da criação, cuidar da vida!

Em 1926, Fritz Jahr, de Halle, Alemanha, mencionava pela primeira vez – que se tem conhecimento até agora – o termo bio-ética, hoje grafado bioética. Voltou a falar sobre o assunto, em 1927, no editorial da revista científica Kosmos. Nas suas reflexões chama a atenção para a relação do ser humano para com os demais seres vivos, no primeiro momento, para com os animais e plantas. Ele refletia sobre a falta de políticas públicas de preservação do meio ambiente. Dizia ele que somente as extensões de plantas em extinção estavam sendo protegidas de alguma forma. Mas qual o futuro das plantas e animais sem risco de extinção? Este momento inicial da bioética, pautada em inquietudes de longa data, quase que adormeceu nas gavetas e pouco se fez para efetivamente se dar conta do cuidado do meio ambiente em tempos de industrialização e também alguns ambientes fortemente castigados por guerras. Simultaneamente Albert Schweitzer, portador do prêmio Nobel da Paz de 1952, médico nascido na Alemanha, mas atuante na África, intensificou a sua defesa pela vida, deixando como legado duas composições essenciais nesta área: a defesa pela vida humana e a defesa pela vida animal. Ele construiu um hospital na África Central e, e em suas proximidades, um centro de cuidado animal. Para ele a ética não precisava de grandes conceitos. Simples assim: bom é o que defende e promove a vida, o que destrói ou inibe a vida é ruim (mau).  As preocupações daquela época hoje são ainda mais urgentes e complexas. São as mesmas preocupações que sustentam a decisão da Igreja local de escolher a preservação dos biomas brasileiros nesta CF 2017. São eles: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. Nesses biomas vivem pessoas, povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira. Compreendidas as interconexões de todas as formas de vida, não é difícil de entender a relevância deste tema. Todas as críticas a ele que, aqui e acolá, se levantam se dão pelo fato de não haver uma compreensão devida da complexidade da vida no planeta.
Quem acha que os outros seres vivos são secundários é porque nunca teve um problema de saúde relacionado à biota intestinal. Será que temos consciência de que a vida humana depende de mais seres vivos (bactérias e fundos bons) do que as próprias células humanas? Pensar que seres vivos são só aqueles que percebemos com nossos sentidos só para quem ainda não foi vítima de uma superbactéria. Este macro equilíbrio ambiental vai se afunilando até chegará vida individual e não perceptível na prática cotidiana.
A voz profética da Igreja, à luz da fé criacional, não pode prescindir de olhar para as riquezas naturais, avaliar as interdependências desejadas por Deus e apelar para um outro modo de ser no mundo, ou seja, um modo mais alinhado com o Criador. Enfim, foi ele que tudo assim criou e desejou. Para quem precisa de milagres para alimentar a sua fé, olhe para a natureza. Seu mistério e seus segredos revelam a grandeza de um Deus infinitamente grandioso. As ciências, quando responsáveis e éticas, não alcançam nada mais do que paulatinamente desvendar as maravilhas da criação. A elas podemos recorrer, com o devido cuidado de não absolutizar suas descobertas, para compreendermos o modo mais adequado de nos relacionarmos com toda a criação.
 A biodiversidade não é um mero capricho. Ela esconde uma incrível complementariedade no contexto da criação como um todo. Nenhuma planta, nenhum ser vivo se situa histórica e geograficamente sem que isso faça sentido para o entorno. Quando alterados substancialmente os ambientes, a sustentabilidade deste bioma corre sérios riscos. A transferência de plantas e animais de um bioma para outro ou a extração e eliminação dos seres vivos próprios de um determinado ambiente, por pessoas inconsequentes e carentes de conhecimento necessário, tem apresentado resultados extremamente negativos para o novo ambiente. O desequilíbrio se faz sentir o impacto recai sobre todos. Não bastam desejos exóticos, é preciso de bons conhecimentos e, mais, entender que existe um sentido para todas as coisas e seres vivos tanto em relação à sua particularidade bem como no contexto onde se encontra.
Nas comunidades cristãs é preciso, em primeiro lugar, aprofundar a teologia da criação e relacioná-la com a prática cristã no cotidiano.
Nem sempre aqueles que piedosamente estão na Igreja professando .... creio em Deus.... Criador do Céu e da Terra, são testemunhas desta profissão na práxis de cada dia.
A CF 2017 apresenta o tema em horizontes largos, mas a prática cabe a cada cristão em coisas extremamente simples, porque a alguns é dado cuidar dos grandes desafios, a muitos, os desafios de cada dia.
Quem não pode proteger o oceano, cuide da água da torneira da casa...
Quem não pode cuidar de uma mata, cuide da planta no canteiro da rua...
Quem não pode eliminar os poluentes das chaminés das fábricas, cuide dos poluentes do cigarro...
Quem não pode controlar o lixão da cidade, evite o uso do copo plástico...
Quem não pode intervir em todas as situações de perigo, use cinto de segurança...
Quem não pode impedir a enchente, cuide para não jogar lixo nos bueiros...

A prática do quinto mandamento se estende às pequenas coisas de cada dia. Não adianta, por exemplo, fazer um belo e eloquente discurso sobre a defesa da vida e não usar cinto de segurança. Além de falta contra sua própria vida é um escândalo pelo mau exemplo... Louvado seja Deus pelas criaturas!